Espanha. Médicos processados após menina de 12 anos morrer de peritonite
Os pais apresentaram queixa por negligência médica. Levaram-na duas vezes ao centro de saúde e uma vez ao hospital.
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Mundo Espanha
A família de Emma Martínez Gascón, uma menina de 12 anos que morreu a 6 de fevereiro, em Valência, Espanha, apresentou uma queixa no tribunal, na qual qualifica a falta de atendimento médico adequado para com a sua filha como "homicídio por negligência profissional".
A menina morreu de peritonite não diagnosticada, depois de a família levar a menor duas vezes ao centro de saúde e uma vez ao hospital.
Segundo a denúncia, não foram seguidos os protocolos, nem foram prescritos ou realizados exames que pudessem diagnosticar a gravidade da doença.
Segundo os relatos, citados pelo El País, no sábado, 28 de janeiro, Emma começou a sentir dores abdominais, acompanhadas de náuseas e vómitos. A mãe decidiu levá-la ao Centro de Saúde Viver. Lá, o médico que a examinou constatou que a menor apresentava dor na fossa ilíaca direita/ovário direito.
A mãe de Emma disse ao médico que o seu filho mais velho teve apendicite por volta da mesma idade da menina mas, apesar disso, o médico encaminhou a menor para casa após administrar primperan intramuscular e prescrever paracetamol de oito em oito horas.
Na quarta-feira, dia 1 de fevereiro, mãe e filha voltaram ao Serviço de Cuidados Continuados Médicos do Centro de Saúde Viver, porque a dor persistiu e aumentou, com vómitos e diarreia, e com impossibilidade "quase absoluta" de comer durante os 3 ou 4 dias que o doloroso processo já durava.
Aí, o médico "não se levantou da cadeira" para examinar a menina e ainda "recriminou" a mãe por ali ter regressado, pois "já lhe tinham dito que o mal-estar era resultado de um vírus e que não deve ser apressado, porque supostamente, esses processos demoram a cicatrizar".
A mãe insistiu e transmitiu preocupação porque a menina "mal se conseguia mexer" e praticamente não comia nada desde sábado. "Sem observá-la ou examiná-la", o médico diagnosticou-a com "diarreia não especificada" e deu-lhe alta.
Perante este diagnóstico, a família insiste que se o médico tivesse seguido as orientações indicadas pela doutrina científica face a "sintomas abdominais agudos", e tivesse examinado o menor, algo que "não fez de todo", teria encaminhado a menor para o Hospital de Sagunto para fazer os exames pertinentes que confirmavam ou descartavam apendicite aguda.
Como persistiam e aumentavam as dores, náuseas, vómitos e a quase completa falta de alimentação e o enfraquecimento da menina, no sábado, dia 4 de fevereiro, o pai - que até então estava em viagem de negócios - levou a menina ao Hospital de Sagunto, onde um médico residente prescreveu paracetamol para o que descreveu como "dor abdominal não especificada".
Segundo a acusação, citada pelo mesmo jornal, essa avaliação não correspondia à realidade, pois, de acordo com o exame que realizou, apresentava "abdome flácido e depressível, doloroso à palpação em hemiabdome inferior", que, segundo a queixa, "são um sinal indicativo de irritação" e são "primeiras das possíveis causas de apendicite".
Por isso, "não é lógico, e supõe uma clara violação da prática médica profissional, que se tenha feito uma análise à urina e não ao sangue, e que não se tenha feito uma análise de diagnóstico por imagem" para afastar ou confirmar apendicite, que naquela época "presumivelmente já estava à beira da perfuração intestinal, se é que já não havia ocorrido", pode ainda ler-se na acusação .
No dia seguinte, domingo, 5 de fevereiro, a menor desmaiou em casa por volta das 21 horas. Já no centro de saúde, sofreu uma paragem cardiorrespiratória e foram iniciadas manobras de reanimação. Foi transferida para o Hospital Clínico de Valência onde deu entrada entubada.
Lá foi confirmada a existência de perfuração intestinal, sinal de peritonite e isquemia com "choque multiorgânico". A menina entrou na sala de cirurgia de emergência e ainda foi operada, mas a "falência de múltiplos órgãos com insuficiência renal e hepática grave, além de acidose metabólica, causou a morte do menor duas horas depois".
Segundo a denúncia, os factos configuram alegado crime de homicídio por grave imprudência profissional, por não terem aplicado as práticas adequadas ao doente ou por não terem prescrito ou realizado exames complementares que tivessem dado oportunidade à realização de uma "simples" cirurgia intervenção. .
O ministro da Saúde, Miguel Mínguez, reuniu-se na semana passada com a família para manifestar as suas condolências.
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