UE dá 6 meses ao Afeganistão para ajuda humanitária chegar às mulheres

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) acordaram hoje dar ao Afeganistão um "período experimental" de seis meses para garantirem que a ajuda humanitária chegue com segurança e de forma não discriminatória à população, após os Talibã terem proibido as mulheres de trabalharem em ONGs.

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© Sanchit Khanna/Hindustan Times via Getty Images

Lusa
20/02/2023 23:25 ‧ 20/02/2023 por Lusa

Mundo

Afeganistão

Reunidos em Conselho, os ministros acordaram que a ajuda humanitária e de subsistência da União Europeia (EU) ao Afeganistão continuará "desde que possa ser entregue de maneira não discriminatória e de acordo com os princípios acordados pela comunidade internacional de doadores humanitários".

O que for decidido, será monitorado de perto e analisado caso a caso durante um período experimental de seis meses.

Os ministros conversaram por videoconferência com a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, sobre a situação no Afeganistão e, em particular, sobre a decisão do governo daquele país de proibir mulheres de trabalharem para ONGs e o seu impacto negativo na entrega de ajuda humanitária.

"No Afeganistão, os talibãs estão a criar um 'apartheid de género'" que "está a ter um impacto significativo nas operações de ajuda no Afeganistão", afirmou o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, no final da reunião.

Borrell explicou que os ministros concordaram que a ajuda humanitária fornecida pela UE para atender às necessidades básicas e de subsistência continuará, mas "de maneira não discriminatória".

"Portanto, eles devem estar alinhados com os nossos princípios (...). O nosso apoio continuará, porque não queremos punir as mulheres afegãs duas vezes. Mas isso deve ser monitorado de perto e decidido caso a caso durante um período experimental", sublinhou.

"É claro que não queremos deixar o Afeganistão, mas não queremos aumentar o sofrimento do povo afegão e, em particular, das mulheres afegãs", reforçou.

"Mas não podemos ficar calados diante das decisões do Talibã", enfatizou.

Os Talibãs "assumem total responsabilidade pelas violações dos direitos humanos. Vamos calibrar a nossa ajuda para, como eu disse, evitar punir duas vezes as mulheres afegãs", concluiu.

O responsável pela diplomacia comunitária afirmou que, na reunião do Conselho do próximo mês, os ministros vão traduzir em conclusões esta reflexão sobre os trabalhos futuros no Afeganistão.

"Enquanto isso, aproveita-se um período de seis meses para continuar prestando assistência no pleno respeito a esses princípios", adiantou.

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse hoje que, juntamente com a França e a Holanda, o seu país vai propor a imposição de sanções contra as autoridades afegãs no próximo Conselho, dadas as violações sistemáticas dos direitos das mulheres naquele país.

Leia Também: Talibãs transformam bairro de droga em "ponte da felicidade"

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