"Se Xi Jinping conseguir que Putin saia da Ucrânia, vamos aplaudi-lo"

A comunidade internacional aguarda que Pequim 'deixe' a "neutralidade" com que tem vivido no último ano em relação à guerra na Ucrânia. Se há 'no ar' a ideia de que Pequim vai puxar um lugar à mesa das negociações para acabar com a guerra na Ucrânia, há também quem lembre a questão "fundamental" após um ano de conflito: "Quer Putin a paz"?

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Notícias ao Minuto
23/02/2023 21:09 ‧ 23/02/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Guerra na Ucrânia

À medida que o dia em que se assinala o primeiro ano de guerra na Ucrânia, na sexta-feira, se aproxima, a tensão no conflito pode estar a um passo de tomar um rumo diferente. Para além dos ataques, que continuam, como, por exemplo, em Kharkiv, região que está a ser bombardeada pelas tropas russas desde quarta-feira, também a possibilidade de uma nova 'voz' surgir neste conflito é uma realidade.

Durante quase um ano a China foi dos poucos países que não apontou o dedo à Rússia na sequência da invasão das suas tropas em território ucranianos. Utilizando sempre a 'capa' da neutralidade, o país nunca se ouviu quando chegou a vez da comunidade internacional condenar a agressão que o exército russo tem vindo a desenvolver.

Já esta quinta-feira, a delegação da China na Organização das Nações Unidas (ONU) referiu que, no âmbito desta guerra, Pequim sempre tinha sido "consistente e claro", apontando depois que a única forma de resolver esta conflito passava pelo "diálogo" e que um cessar-fogo em território ucraniano era "prioritário". O responsável em questão referiu-se ainda ao uso de armamento nuclear, uma das grandes preocupações que surgiram na sequência desta agressão. "Armas nucleares não podem ser usadas. Uma guerra nuclear não pode ser combatida", rematou, acrescentando que todas as partes que pertencem a convenções nucleares devem respeitar as mesmas.

Mas a 'voz' da China poderá não ser ouvida apenas na ONU - pelo menos, é nisso que os líderes norte-americanos parecem acreditar. Em declarações ao Washington Post, a subsecretária de Estado norte-americana para Assuntos Políticos dos Estados Unidos (EUA) que é esperado que Pequim apresente um plano de paz na sexta-feira, por forma a que o conflito possa começar a ser resolvido. "Aguardamos para ver o que a China coloca em cima da mesa [de negociações]. Deverá ser anunciado amanhã", explicou Victoria Nuland.

Se Xi Jinping [presidente China] conseguir que [Vladimir] Putin e o seu exército saiam da Ucrânia, acho que todos vamos aplaudi-lo e dar-lhe um prémio da paz

Apesar de ainda não haver proposta em cima da mesa, a possibilidade foi colocada 'no ar' pelo diretor do Gabinete da Comissão Central de Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, durante a Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, durante o último fim de semana. Nas últimas horas o diplomata esteve, no entanto, reunido o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, que garantiu que nenhum plano para a paz foi discutido.

Ainda assim, a responsável norte-americana foi assertiva, explicando que qualquer plano de paz que Pequim elabore terá de garantir uma paz duradoura. "Não podemos apenas ser um cessar-fogo cínico que permita aos [soldados] russos ir a casa,  descansar, prepararem-se e voltarem", notou, acrescentando: "Mas se Xi Jinping [presidente China] conseguir que [Vladimir] Putin e o seu exército saiam da Ucrânia, acho que todos vamos aplaudi-lo e dar-lhe um prémio da paz".

Nuland sublinhou também que a China estava a tentar "as duas vias", e enquanto se "disfarçava" numa neutralidade, aprofundava laços com a Rússia. Há ainda, a seu ver, uma questão por responder: "A questão fundamental é se Putin quer paz".

Nas últimas horas de 'suspense' sobre uma eventual intervenção de Pequim, também Washington teve uma palavra a dizer. "Queremos que esta guerra acabe. Pode acontecer se [Vladimir] Putin decidir sair da Ucrânia. Agora, não vemos que a Rússia esteja disposta a negociar", sublinhou a porta-voz da Casa Branca.

Em conferência de imprensa,  Karine Jean-Pierre reiterou o apoios dos EUA a Kyiv. "Temos trabalhado com o governo ucraniano para que eles possam ter aquilo que de que precisam para lutar pela sua liberdade", reforçou. 

Questionada sobre um possível lugar para a China na mesa das negociações, Jean-Pierre decidiu não se "adiantar" ao governo chinês, dado que ainda nada foi anunciado. E a mesma resposta foi dada no que diz respeito a uma possível 'aliança' de Pequim e Moscovo, nomeadamente, em termos de sanções que os EUA poderiam aplicar ao país presidido por Jinping. "Ainda não aconteceu, por isso, não vou falar de algo que ainda não aconteceu", insistiu.

Assinala-se, na sexta-feira, um ano desde que o exército russo invadiu território ucraniano. Desde então, a Rússia tem sido cada vez mais isolada pela comunidade internacional, que tem aplicado sanções a entidades e pessoas russas. A tensão entre Kyiv e Moscovo tem vindo a aumentar, com as ameaças por parte do Kremlin a subirem de tom, no que diz respeito a eventuais ataques e ao eventual uso de armas nucleares.

Segundo o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a invasão em território vizinho começou com a ideia de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.

A ONU confirmou que mais de sete mil civis morreram e cerca de 12 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

Leia Também: Estados Unidos preparam novas sanções "drásticas" a Moscovo

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