Proposta de paz feita pela China? "Tem luzes e sombras", diz Scholz

O chanceler alemão, Olaf Scholz, expressou, este sábado, reservas sobre a posição da China em relação à guerra na Ucrânia durante sua visita à Índia.

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Lusa
25/02/2023 18:16 ‧ 25/02/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

No aniversário da guerra ucraniana, a China divulgou um documento em que pede um cessar-fogo e negociações.

Scholz considerou que a proposta "tem luzes e sombras". O líder alemão sustentou que havia aspetos corretos, como a condenação do uso de armas nucleares.

No entanto, o social-democrata questionou que não havia nenhuma linha reconhecível na qual a China exorta as tropas russas a retirarem-se da Ucrânia.

Scholz também destacou a importância de alcançar uma paz justa e equitativa, e não uma "paz ditatorial ao estilo russo" e acrescentou que o presidente russo, Vladimir Putin, deve entender essa circunstância.

O chanceler alemão procurou garantias de que apoiaria, ou pelo menos não bloquearia, os esforços ocidentais para isolar a Rússia por travar uma guerra devastadora contra a Ucrânia.

Após conversações com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, Scholz alertou que os países em desenvolvimento estão a ser afetados negativamente pela escassez de energia e alimentos resultante da guerra e espera que a Índia ajude a garantir abastecimentos essenciais para a Ásia, África e América.

Modi manteve uma abordagem cautelosa e disse que a Índia deseja que o conflito seja encerrado através do diálogo e da diplomacia. "A Índia está pronta para dar sua contribuição a qualquer iniciativa de paz", acrescentou.

O chanceler absteve-se de qualquer crítica aberta à Rússia, já que Moscovo é um importante fornecedor de armas, petróleo e outras necessidades económicas da Índia.

Scholz disse que a guerra da Rússia contra a Ucrânia "violou o princípio fundamental" com o qual todos concordam "de não mudar as fronteiras por meio do uso da violência".

Embora os dois líderes não tenham respondido a perguntas após o encontro, Scholz disse mais tarde aos repórteres alemães que discutiu com Modi a guerra na Ucrânia "muito extensa e intensamente", mas recusou-se a dar mais detalhes, citando a natureza confidencial das conversas.

Scholz, que chegou à capital indiana hoje, também discutiu com Modi formas de impulsionar a cooperação económica, inclusive através de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e a Índia, acrescentando que "assegurará pessoalmente que [as negociações] não se arrastem".

A viagem é a primeira visita oficial de Scholz à Índia, embora seja seu quarto encontro com Modi desde que assumiu o cargo como chanceler, destacando o interesse da Alemanha em aprofundar as relações com Nova Deli.

"Existe um enorme potencial para uma cooperação intensa em setores como energias renováveis, hidrogénio, mobilidade, farmacêutica e economia digital" com a Índia, disse Scholz numa entrevista publicada hoje pelo jornal The Times of India.

Ao longo do último ano, a China evitou condenar a Rússia pela sua campanha militar na Ucrânia e acusou a NATO e os Estados Unidos de estarem a fomentar este conflito e "não terem em consideração as legítimas preocupações de segurança" de Moscovo.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, há exatamente um ano, 8.006 civis mortos e 13.287 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: China? "Aposta num agressor" e "oferece plano irrealista", diz Podolyak

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