As preocupações estão contidas no Relatório Sobre o Terrorismo em 2021, elaborado pelo Departamento de Estado norte-americano e que analisa a situação em 98 países - Brasil e Moçambique são os dois únicos lusófonos - no quadro das operações de combate ao terrorismo.
No relatório, é sublinhado que os grupos terroristas, como o EI e a Al-Qaida e respetivos grupos afiliados, maioritariamente apoiados pelo Irão, continuaram em 2021 a operar e a manter refúgios seguros no Médio Oriente e Norte da África, constituindo-se como as "maiores ameaças terroristas na região".
O grupo EI manteve capacidades operacionais significativas e conduziu operações terroristas em toda a Síria e Iraque, continuando a promover uma campanha terrorista em larga escala em toda a região, mantendo-se como uma "séria ameaça" aos interesses dos Estados Unidos.
Além do Iraque e da Síria, as filiais, redes e apoiantes do grupo EI em todo o Médio Oriente e Norte da África permaneceram ativas, inclusive na Península Arábica, Líbia, Península do Sinai, Tunísia e Iémen.
A Coligação Global para Derrotar o EI, de 85 membros, liderada pelos Estados Unidos, tem, porém, mantido os esforços abrangentes para impedir o ressurgimento do chamado 'califado físico' do grupo no Iraque e na Síria.
Quanto à Al-Qaida e afiliadas, os EUA consideram que continuam também a constituir uma "ameaça duradoura" para os Estados Unidos e aliados no Médio Oriente e Norte da África, estendendo as atividades na guerra civil no Iémen, mantendo-se como um "adversário resistente", tendo procurado reconstituir as capacidades e manter refúgios seguros na região no meio de climas políticos e de segurança frágeis, inclusive no Egito, Líbia, Síria e Iémen.
Segundo o relatório, vários grupos apoiados pelo Irão continuam a envolver-se em "atividades perigosas e desestabilizadoras" em todo o Médio Oriente, com Teerão a utilizar a Guarda Revolucionária Islâmica - Qods Force (IRGC-QF) ainda no Iraque e na Síria, este último em apoio ao regime de Bashar al-Assad.
"Entre os grupos que recebem apoio do Irão, como financiamento, instrução militar, armas e equipamentos para vários grupos na região, estão o Hezbollah, o Hamas, a Jihad Islâmica Palestiniana, as Brigadas al-Ashtar e Saraya al-Mukhtar no Bahrein, Kata'ib Hezbollah e Asa'ib Ahl al-Haq no Iraque, e o Hizballah al-Hijaz na Arábia Saudita", lê-se no relatório.
A Ásia Meridional e Central registou, em 2021, além da atividade terrorista contínua no Afeganistão e no Paquistão, uma "mistura volátil" de ataques insurgentes pontuados por incidentes de terrorismo na Índia, Tajiquistão e Uzbequistão, mas com maior incidência no Afeganistão.
"Os Estados Unidos não tomaram a decisão de reconhecer o regime talibã ou outra entidade como Governo do Afeganistão, mas pressionaram-nos a manter os compromissos de contraterrorismo sob o Acordo EUA-talibãs, de 2020 [Acordo de Doha]. Os talibãs comprometeram-se repetida e publicamente a cumprir o acordo e impedir que qualquer grupo ou indivíduo use o solo afegão para ameaçar a segurança dos Estados Unidos e seus aliados. No entanto, continua incerta a capacidade dos talibãs em impedir a Al-Qaida e o grupo EI de montarem operações externas", lê-se no documento.
A instabilidade no Afeganistão também afetou os Estados da Ásia Central, que permaneceram em alerta contra elementos extremistas afegãos que cruzaram as fronteiras, bem como a ameaça potencial representada pelo retorno de cidadãos que viajaram para o Iraque ou para a Síria para se juntarem a grupos terroristas.
O Tajiquistão - que compartilha uma longa fronteira com o Afeganistão - e o Uzbequistão fortaleceram a segurança fronteiriça através de um "grande aumento da assistência dos Estados Unidos" e também aprovaram uma estratégia nacional de combate ao extremismo e terrorismo, com o apoio de Washington, que também se mantém ativo no desenvolvimento de uma parceria estratégica com a Índia, inclusive por meio do Grupo de Trabalho Conjunto Anual de Contraterrorismo e do exercício de contraterrorismo quádruplo em conjunto com a Austrália e Japão.
Na região da Ásia de Leste e Pacífico, lê-se no relatório, os governos da região "enfrentaram menos ameaças" de organizações terroristas estrangeiras, e a pressão do contraterrorismo das forças de segurança regionais teve impactos "significativos" nas estruturas de liderança de grupos hostis nas Filipinas e Indonésia.
O terrorismo continuou a ser uma preocupação de segurança para a maioria dos países do continente americano, com grupos de orientação nacional ou local na Colômbia, Venezuela e Peru a constituírem-se como as ameaças terroristas "mais significativas" da região.
O grupo terrorista Hezbollah, com base no Líbano e apoiado pelo Irão, continuou com as suas atividades, envolvendo grupos operacionais na fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai, bem como no Chile, Colômbia, Panamá, Peru e EUA.
Na Europa, em 2021, o continente continuou a enfrentar ameaças e preocupações terroristas, incluindo as de organizações consideradas como "extremistas violentos com motivação racial ou étnica e terroristas inspirados pelo grupo EI.
"A maioria dos incidentes terroristas envolveu planos simples com táticas facilmente executáveis, usando facas, armas ou veículos para ferir ou matar alvos de oportunidade na França, Alemanha, Turquia e Reino Unido.
Embora a ameaça do terrorismo na Europa Oriental permaneça baixa, grupos terroristas estrangeiros tiram vantagem das redes ativas de contrabando e tráfico ilícito para tentar facilitar a entrada de terroristas do Médio Oriente e do Sul da Ásia na Europa.
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