"Existem soldados profissionais e numerosas unidades [do Grupo] Wagner na região de Bakhmut", sublinhou Hanna Malyar em declarações à televisão ucraniana.
A vice-ministra da Defesa referiu, no entanto, que "as baixas inimigas são várias vezes maiores" do que as registadas no Exército ucraniano.
"Os nossos soldados têm capacidade para destruir 80% dos terroristas", acrescentou, citada pela agência Efe.
Malyar é a primeira representante do Governo ucraniano a falar publicamente sobre a situação na cidade, depois do chefe da região de Donetsk (Ucrânia Oriental) nomeado por Moscovo, Denis Pushilin, ter assegurado hoje que o grupo Wagner tomou um bairro nos arredores de Bakhmut.
Tal como o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha alertado na segunda-feira à noite, também hoje Malyar reconheceu que a situação é "tensa e difícil" para as tropas ucranianas em Bakhmut.
A vice-ministra realçou que Kiev enviou mais tropas para a cidade após a recente visita do comandante das forças terrestres ucranianas.
Hanna Malyar destacou ainda que, enquanto os combatentes do Grupo Wagner mantêm níveis de confiança porque lutam por dinheiro, os soldados regulares das unidades russas, que substituem os mercenários quando morrem, estão desmotivados.
Num relatório militar publicado na sua conta na rede social Facebook, o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia vincou que o inimigo prossegue a ofensiva em Bakhmut "e continua a lançar ataques à cidade".
Bakhmut, cuja importância estratégica é contestada, tornou-se um símbolo da luta pelo controlo da região de Donbass, no leste da Ucrânia.
Nas últimas semanas, os russos progrediram lentamente para esta cidade industrial, que possuía cerca de 70.000 habitantes antes da invasão da Ucrânia, lançada há um ano por Moscovo.
Os russos conseguiram cortar várias rotas importantes para o reabastecimento das tropas de Kiev.
O proprietário do grupo Wagner, Yevgeni Prigojine, reivindicou no sábado a conquista pelos seus homens da localidade de Iaguidne, localizada no norte de Bakhmut.
O Presidente ucraniano afirmou que a Ucrânia continuará a defender Bakhmut, mas não a qualquer preço.
Sobre a decisão de continuar a resistir, a vice-ministra da Defesa insistiu que foi tomada por considerações "militares" e não "políticas".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.101 civis mortos e 13.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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