Sul-coreanas vítimas de trabalho forçado rejeitam plano de compensações
Vítimas sul-coreanas de trabalhos forçados em tempo de guerra por empresas do Japão rejeitaram hoje a proposta do Governo da Coreia do Sul para pagar indemnizações sem o envolvimento direto das companhias japonesas.
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Mundo Japão
"Não aceitarei o dinheiro mesmo que morra à fome", disse Yang Geum-deok, 94 anos, durante uma conferência de imprensa realizada no âmbito de um protesto na Assembleia Nacional, em Seul, citada pelo jornal The Korea Times.
Yang reagia à proposta do Governo, divulgada na segunda-feira, de compensar as vítimas através de uma fundação pública financiada por empresas coreanas, em vez das empresas japonesas responsáveis pelos trabalhos forçados.
O Japão ocupou a península coreana entre 1910 e 1945, e sujeitou muitos coreanos a trabalhos forçados em empresas como a Mitsubishi ou a Nippon Steel durante a Guerra do Pacífico (1941-1945), a extensão asiática da Segunda Guerra Mundial.
Seul diz que cerca de 780 mil coreanos foram sujeitos a trabalhos forçados durante os 35 anos de ocupação japonesa, não incluindo mulheres que foram forçadas à escravidão sexual, segundo a agência francesa AFP.
Tóquio considera que a questão das compensações foi resolvida pelo tratado de 1965, que normalizou as relações entre o Japão e a Coreia do Sul.
Nos termos do tratado, Tóquio transferiu para Seul 800 milhões de dólares em diferentes pacotes de ajuda económica e empréstimos, a título de compensações pela ocupação ilegal da península.
Apesar de Tóquio considerar que o tratado abrange as compensações individuais, o Supremo Tribunal sul-coreano ordenou, em 2018, que as empresas japonesas indemnizassem diretamente as vítimas.
O plano de Seul não implica um pedido de desculpas do Japão, como exigem as vítimas, e sugere contribuições voluntárias das empresas japonesas envolvidas nos trabalhos forçados para o fundo de compensação.
A Nippon Steel excluiu, na segunda-feira, a possibilidade de contribuir para o fundo, argumentando que a questão foi resolvida pelo tratado de 1965.
O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, defendeu hoje o plano, argumentando que é fundamental para o futuro.
"A cooperação orientada para o futuro entre a Coreia do Sul e o Japão irá preservar a liberdade, a paz e a prosperidade não só para os dois países, mas também para o mundo inteiro", disse Yoon.
Yang Geum-deok, que foi levada à força para o Japão quando tinha 15 anos, pediu a demissão do Presidente, argumentando que o acordo com o Japão é inaceitável.
"Foram os japoneses que nos arrastaram para o Japão. A quem mais podemos recorrer para um pedido de desculpas?", disse Kim Sung-joo, 93 anos, outra vítima, durante o protesto na Assembleia Nacional, a que assistiram os líderes da oposição.
Yang e Kim estão entre os 15 queixosos que ganharam a ação judicial contra a Mitsubishi Heavy Industries e a Nippon Steel que originou o acórdão do Supremo Tribunal de 2018.
Entre os queixosos, apenas três ainda estão vivos. O outro é Lee Choon-shik, que foi forçado a trabalhar para a Nippon Steel em 1943, segundo o jornal The Korean Times.
O plano, saudado pelo Japão e pelos Estados Unidos, visa também solidificar a cooperação em matéria de segurança entre Seul, Tóquio e Washington para enfrentar as ameaças nucleares da Coreia do Norte e contrariar a influência regional da China.
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