"A China teme que a crise se agrave e fique fora de controlo. Espera que todas as partes mantenham a calma, deem provas de moderação, retomem as conversações de paz o mais rápido possível e regressem ao caminho de um acordo político", afirmou Qin Gang, segundo uma declaração divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
"Discutimos a importância do princípio da integridade territorial", afirmou, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
Trata-se do primeiro contacto oficial entre os dois políticos desde que Qin Gang assumiu a pasta da diplomacia chinesa, no final de dezembro.
Em fevereiro, a China deu a conhecer um "plano de paz" genérico, composto por 12 pontos, para acabar com o conflito na Ucrânia, tendo então pedido a Moscovo e Kiev para realizarem conversações.
O documento em questão opõe-se a qualquer utilização de armas nucleares e apela ao respeito pela integridade territorial de todos os países, numa referência implícita à Ucrânia, cujo território se encontra parcialmente sob controlo russo.
O plano chinês foi acolhido com cautela pelo Ocidente porque a China, oficialmente neutra, nunca condenou publicamente a Rússia pela ofensiva militar desencadeada em fevereiro de 2022.
A diplomacia chinesa tem procurado impor-se como mediador neste conflito, mas a sua posição de parceiro próximo de Moscovo é para o Ocidente um elemento que desclassifica Pequim para tal missão.
Qin Gang reiterou hoje a defesa do documento chinês, afirmando que Pequim tem mantido até agora "uma posição objetiva e justa sobre a questão ucraniana".
"A China continuará a desempenhar um papel construtivo para alcançar um cessar-fogo e uma paragem nos combates, de forma a atenuar a crise e assegurar um regresso à paz", afirmou o representante chinês.
"Esperamos que a Ucrânia e a Rússia (...) quaisquer que sejam as dificuldades e os desafios, não fechem a porta a uma solução política", concluiu.
Acusada recentemente pelos Estados Unidos de estar a considerar o fornecimento de armas à Rússia, a China negou veementemente ter tais intenções.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Nas primeiras semanas do conflito, a Ucrânia e a Rússia chegaram a iniciar conversões de paz, mas o processo foi abandonado sem quaisquer resultados.
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