Protestos contra reforma de pensões terminam com 120 detidos em França

Pelo menos 120 pessoas foram detidas esta quinta-feira à noite em Paris, nas manifestações espontâneas contra a reforma do sistema de pensões em França, aprovada hoje sem votação da Assembleia Nacional.

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© EMMANUEL DUNAND/AFP via Getty Images

Lusa
17/03/2023 07:04 ‧ 17/03/2023 por Lusa

Mundo

França

A polícia interveio ao final da tarde desta quinta-feira em Paris, não muito longe do Parlamento, na Praça da Concórdia (Place de la Concorde, em francês), onde milhares de manifestantes se reuniram em protesto contra a reforma das pensões, constataram os jornalistas da agência France-Presse (AFP).

Às 21h00 (20h00 em Lisboa), 120 pessoas tinha sido detidas, em particular por cometerem danos, adiantou à AFP a polícia de Paris.

Segundo esta força policial, os agentes entraram em ação, nomeadamente com canhões de água, após uma tentativa de destruição do local do Obelisco, no centro da praça.

Estas intervenções policiais causaram grandes movimentos de pessoas na praça.

As suas cargas e o uso de gás lacrimogéneo afastaram os manifestantes da ponte que leva à Assembleia Nacional e empurraram as pessoas de volta para o outro lado da praça.

À noite, algumas centenas de pessoas ainda se encontravam na praça, onde os bombeiros intervieram para extinguir vários focos de incêndio, nomeadamente em tábuas e numa escavadora.

Latas de lixo também foram incendiadas nas ruas próximas, informou a polícia.

O Governo francês recorreu esta quinta-feira ao artigo 49.3º da Constituição francesa, que prevê que uma lei possa ser aprovada sem passar pela Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento), para aprovar a lei de reforma do sistema de pensões.

Entre os artigos mais polémicos desta nova lei está o aumento da idade da reforma para 64 anos ou 43 anos de descontos, mas também o fim dos regimes especiais existentes para os trabalhadores dos transportes, da energia ou mesmo do Banco de França, assim como a adoção de um contrato especial para promover o emprego de pessoas com mais de 60 anos.

Extrema-direita, direita e toda a ala esquerda da Assembleia Nacional francesa pediram esta quinta-feira a demissão do Governo, após a aprovação forçada da reforma do sistema de pensões, prometendo apresentar três moções de censura nas próximas 24 horas.

Após esta decisão do Governo francês fica agora a dúvida sobre o futuro da primeira-ministra, cuja principal missão era negociar esta reforma e assegurar uma maioria.

Mesmo que as moções de censura não sejam aprovadas, Elisabeth Borne pode deixar o Governo, abrindo caminho a um novo líder do executivo.

A primeira-ministra francesa realçou esta quinta-feira que o seu futuro no Governo vai depender das moções de censura anunciadas pela oposição contra o seu executivo.

A intersindical que luta contra a reforma do sistema de pensões em França já convocou "reuniões" para este fim de semana e um nono dia de greve e manifestações para 23 de março.

Leia Também: Nova greve e manifestações dia 23 contra a reforma de pensões em França

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