O primeiro-ministro da República da Irlanda foi forçado a pedir desculpas esta sexta-feira, depois de uma aparente piada sobre o caso entre o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, e a então estagiária Monica Lewinsky, horas depois de ter partilhado o palco de um evento com Hillary Clinton.
Os comentários de Leo Varadkar surgiram na quinta-feira, num evento no âmbito das comemorações do Dia de São Patrício, que é comemorado tanto nas duas Irlandas como nos Estados Unidos.
Numa intervenção no programa Washington Ireland, Varadkar terá fugido ao discurso planeado e recordou os seus tempos como estagiário na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, no ano 2000 (durante o último ano da presidência de Bill Clinton), contando que trabalhou na capital norte-americana "numa altura em que os pais tinham razões para se preocupar com o que acontecia a estagiários em Washington".
Segundo o POLITICO, o comentário foi acolhido com algumas gargalhadas, mas também algum choque.
Um porta-voz do primeiro-ministro (ou "taoiseach") irlandês reconheceu rapidamente que o comentário é problemático, afirmando, citado pelo The Guardian, que Varadkar "fez um comentário mal medido e improvisado que se arrepende", pedindo "desculpas por qualquer ofensa que deixou alguém preocupado".
As palavras de Leo Varadkar podem ser interpretadas como uma piada sobre o escândalo que assombrou o primeiro mandato de Bill Clinton mas, mais do que isso, causou um enorme transtorno para a então jovem estagiária Monica Lewinsky, na altura com 22 anos.
Clinton e Lewinsky tiveram uma série de encontros sexuais, incluindo na Casa Branca, entre 1995 e 1997, e o escândalo irrompeu em 1998. Nos anos e décadas que se seguiram, Clinton conseguiu escapar a um voto de exoneração e prosseguiu a sua vida política, enquanto Lewinsky passou décadas a ser alvo de piadas, assédio e bullying por causa do caso.
Hoje, Monica Lewinsky é uma importante ativista na defesa contra o cyberbullying e tornou-se num símbolo do tratamento diferenciado dado às mulheres norte-americanas, em casos de adultério e escândalos sexuais.
Leo Varadkar deve esperar que a piada não manche a visita aos Estados Unidos, numa altura de grande conciliação entre norte-americanos e irlandeses. Aliás, Varadkar irá acolher o casal Clinton em abril, assim como o presidente Joe Biden (também ele com raízes irlandesas), nas comemorações dos 25 anos do Acordo de Belfast (ou Acordo da Sexta-feira Santa).
Esta sexta-feira, o primeiro-ministro estará também na Casa Branca, onde irá fazer parte de uma cerimónia importante no calendário irlandês e norte-americano.
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