Segundo o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, depois do encontro "cara a cara" de hoje, entre dois líderes que têm vindo a estreitar relações e a partilhar críticas aos países ocidentais, na terça-feira será o "dia das negociações" e em que Putin e Xi vão dar uma conferência de imprensa conjunta.
Os dois líderes reuniram-se pela última vez em setembro passado, à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no Uzbequistão. Xi expressou então a Putin "questões e preocupações" sobre a guerra na Ucrânia, de acordo com o presidente russo.
A China afirmou ser neutra no conflito, mas um mês antes da invasão, Xi e Putin proclamaram uma "amizade sem limites", na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.
Pequim recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia, mas condenou a imposição de sanções a Moscovo e acusou o Ocidente de provocar o conflito e "alimentar as chamas", ao fornecer à Ucrânia armas para sua defesa.
O país asiático considera a parceria com Moscovo fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos.
As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se também rapidamente, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.
Numa proposta para a paz com 12 pontos, divulgada no mês passado, Pequim destacou a importância de "respeitar a soberania de todos os países", numa referência à Ucrânia, e apelou ao fim da "mentalidade da Guerra Fria", numa crítica implícita ao alargamento da NATO.
Há 10 anos, mais precisamente no dia 21 de março de 2013, o Presidente chinês, que acabara de ser eleito para o seu primeiro mandato, escolheu a Rússia para a sua primeira visita oficial.
Agora, no início de um inédito terceiro mandato, aterrará em Moscovo para se encontrar com Putin, pouco tempo depois de se marcar o primeiro ano da invasão russa da Ucrânia.
Os Estados Unidos estão preocupados com a possibilidade de Xi reiterar a proposta chinesa de um cessar-fogo, durante o seu encontro com Putin, uma hipótese que Washington considera que apenas serviria para a Rússia consolidar os avanços que tem feito no campo de batalha.
John Kirby, um dos porta-vozes da Casa Branca, disse na sexta-feira que guerra deve terminar "de forma justa", respeitando a soberania territorial da Ucrânia e sugeriu que Xi deve também falar com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, telefonicamente, para procurar obter a perspetiva deste sobre o conflito e não apenas a de Putin.
O "plano de paz" chinês não prevê qualquer retirada de forças russas de território ucraniano, nem define a Rússia como invasor.
Há um mês, os Estados Unidos acusaram a China de estar a preparar-se para enviar armas para a Rússia.
Na quinta-feira, uma investigação jornalística feita pelo jornal norte-americano Politico, baseada em documentos comerciais e alfandegários, revelou que empresas chinesas estão a fornecer armas e outro material militar a organizações russas.
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