"A destruição e o sofrimento que presenciei no sul do Maláui são o rosto humano da crise climática global", disse a coordenadora da ONU neste país africano, Rebecca Adda-Dontoh, na sequência da visita aos territórios afetados pelas inundações e pelos deslizes de terra", de acordo com um comunicado citado hoje pela agência espanhola de notícias, a Efe.
De acordo com os últimos números difundidos pelo Departamento de Gestão de Desastres do Malaui (DODMA), o número de desaparecidos aumentou para 349, com 918 pessoas feridas, 490 mil obrigadas a sair das suas casas e pelo menos 476 mortos.
A atualização dos números, feita no domingo à noite, eleva o total de mortos na África Austral para mais de 570 pessoas, incluindo Madagáscar e Moçambique.
A ONU vai dar ajuda em forma de "água, saneamento e higiene, refúgio e produtos vitais não alimentares, comida, atenção sanitária e prevenção de violência de género e proteção às crianças", acrescentou a representante no país.
O ciclone Freddy é um dos mais longos e com uma trajetória mais abrangente das últimas décadas, tendo passado por mais de 10 quilómetros desde que se formou no norte da Austrália, a 4 de fevereiro, e atravessou todo o Oceano Índico até ao continente africano.
A 21 de fevereiro, chegou à costa oriental de Madagáscar e regressou a 5 de março à ilha, deixando um total de 17 mortos e 300 mil afetados.
Em Moçambique, chegou em 24 de fevereiro e tocou novamente terra em 11 de março, deixando pelo menos 80 mortos, acima dos números oficiais das autoridades, que apontam para 66 pessoas.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial, o ciclone Freddy pode bater o recorde de duração do furacão e tufão John, que durou 31 dias em 1994, mas isto só poderá ser confirmado depois de este fenómeno meteorológico se dissipar.
De acordo com dados preliminares do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), divulgados na sexta-feira, total de mortes devido à segunda passagem do ciclone Freddy por Moçambique subiu para 66.
O total de pessoas afetadas ascende a 357 mil, a larga maioria na província da Zambézia, onde a cidade de Quelimane foi a mais sacrificada.
Há cerca de 59 mil pessoas distribuídas por 151 centros de acolhimento a funcionar em cinco províncias: Zambézia, Niassa, Sofala, Manica e Tete.
Ao nível de estruturas, mais de 30 mil casas precárias foram completamente destruídas e outras 40 mil apresentam prejuízos, significando dificuldades acrescidas para as famílias guardarem os seus haveres, nomeadamente alimentos.
A principal via do país, a estrada nacional 1 (EN1), está cortada junto a Quelimane, sendo que, no total, o país tem sete pontes destruídas e 2.100 quilómetros de estradas afetadas.
Ao nível dos serviços básicos, há 55 unidades sanitárias danificadas e mais de 1.500 salas de aula atingidas, prejudicando 134 mil alunos.
A distribuição de energia continua condicionada, com 457 postes de eletricidade danificados.
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