Guterres chegou acompanhado pelo presidente do Conselho, Charles Michel, pelas 10:50 locais (09:50 em Lisboa) e considerou que a participação na reunião de hoje, em Bruxelas (Bélgica), "demonstra a excelente cooperação entre a União Europeia [EU] e as Nações Unidas".
"A invasão russa está a provocar um tremendo sofrimento e tem um impacto gigantesco globalmente. Vamos aproveitar para partilhar visões", adiantou António Guterres.
O secretário-geral da ONU alertou para uma "tempestade perfeita" em "muitos países" constatável pelo agravamento dos principais indicadores da qualidade de vida: "Mais fome, mais pobreza, menos educação, menos serviços de saúde."
"Estamos perto do ponto de ruptura", dramatizou.
O presidente do Conselho Europeu, por seu lado, cumprimentou Guterres pela sua "liderança pessoal, especialmente na Iniciativa de Grãos do Mar Negro" que permitiu já a exportação de mais de 23 milhões de cereais ucranianos, contribuindo para conter a subida dos preços dos bens alimentares.
Michel salientou que as Nações Unidas e a UE "têm muito em comum".
"Acreditamos na abordagem multilateral, no espírito de cooperação, na Carta das Nações Unidas e na lei internacional", salientou, em declarações à entrada para a cimeira europeia.
Na reunião do Conselho, os líderes da UE e Guterres terão "ocasião de debater alguns dos desafios dos nossos dias, como a guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia", mas ainda as alterações climáticas e a ajuda ao desenvolvimento.
É expectável que António Guterres aproveite o momento para abordar as sanções à Rússia e, particularmente, à Bielorrússia, pelo impacto global que poderá advir do bloqueio à exportação de fertilizantes.
De acordo com o POLITICO, que consultou fontes diplomáticas, a Lituânia está a dificultar "a obtenção de um acordo" que permita a exportação de fertilizantes da Bielorrússia. Em 2021, um voo da Ryanair com destino a Vílnius, capital da Lituânia, foi desviado para detenção de Roman Protasevich, opositor ao regime de Aleksandr Lukashenko.
A Lituânia e outros países como a Polónia têm insistido em sanções mais severas a Minsk e Moscovo como a maneira mais eficaz de forçar o fim do conflito na Ucrânia.
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