Líder pró-russo da Crimeia cria novo grupo de mercenários

O líder pró-russo da península ucraniana da Crimeia, Serguey Aksyonov, criou o seu próprio exército privado para combater na Ucrânia com a ajuda do chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, indicou hoje um portal independente da imprensa russa.

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Lusa
24/03/2023 16:37 ‧ 24/03/2023 por Lusa

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Ucrânia

"É um exército privado de Aksyonov, mas todos os comandantes são ex-membros do [Grupo] Wagner. Todos se conhecem há muito tempo", disse ao portal Vazhniye Istorii (Histórias Importantes, numa tradução livre) um dissidente do novo grupo paramilitar, denominado "Konvoy".

Segundo o portal, trata-se de uma formação paramilitar "relativamente nova", que criou um canal na rede social Telegram em novembro de 2022.

O portal Vazhniye Istorii lembrou que, no início deste mês, o líder da Crimeia imposto pelas autoridades russas referiu o "Konvoy" num programa de televisão local, indicando então que o grupo é composto por operacionais "que já passaram por tudo, que os chefes têm vários louvores e cujo comandante tem a ordem de mérito de herói da Rússia".

O comandante do novo grupo de mercenários é, segundo o portal, Konstantin Pikalov, também conhecido como 'Mazai', reconhecido como o "braço direito" de Prigozhin e coordenador do Grupo Wagner em África.

Na plataforma Telegram, o "Konvoy" publicou fotos de Aksyonov num treino de grupo, onde se afere o nível de preparação dos militares, afirmando que, por altura do verão, os mercenários "estarão em forma".

Formalmente, o "Konvoy" é constituído por reservistas do exército russo que assinam dois contratos, um com a milícia privada e outro com o Ministério da Defesa da Rússia, disse o ex-integrante do novo grupo paramilitar, que solicitou anonimato.

Cada membro do exército privado de Aksyonov, acrescentou a fonte, recebe um salário mensal de cerca de 200.000 rublos (cerca de 2.410 euros), enquanto os comandantes auferem cerca de 300.000 rublos (3.620 euros).

O ex-miliciano adiantou que o "Konvoy" garante aos seus membros o pagamento de uma verba suplementar no caso de serem feridos em combate "quer na Crimeia quer na Abecásia" e uma indemnização à família no caso de morrerem em combate. Nas duas situações, terão de ter prestado serviço há mais de um ano.

Inicialmente, segundo a mesma fonte, este grupo paramilitar contava com cerca de 300 membros, desconhecendo-se se, entretanto, aumentou o total de operacionais.

O "Konvoy" não está na clandestinidade, uma vez que, no início deste mês, convidou uma jornalista do canal oficial russo VGTRK, Olga Kurlaeva, a acompanhar as suas operações, tendo então destacado que "todo o equipamento é novo" e que os milicianos "estão armados até os dentes".

"Os abastecimentos, os alimentos, os equipamentos e o armamento são pagos com recursos privados obtidos pelo líder da Crimeia", relatou Kurlaeva, segundo a qual o grupo paramilitar possui tanques 'T-80' e 'T-90', bem como sistemas de radar.

"Deram-nos coletes à prova de bala, capacetes, óculos, luvas, mochilas, em geral tudo. Três conjuntos de equipamentos", acrescentou a fonte do portal Vazhniye Istorii, que não explicou a razão de ter abandonado o grupo.

A sede do "Konvoy" está localizada na cidade de Perevanoye, na Crimeia, segundo informações que o portal conseguiu obter através de um dos 'chats' do grupo. 

No entanto, os mercenários estão estacionados na área da região ucraniana de Kherson, sob o controlo do exército russo.

Leia Também: Rússia diz que 56 crianças ucranianas aguardam regresso às famílias

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