Este é o segundo dia de manifestações, convocadas pelo líder da oposição contra o Presidente William Ruto.
Raila Odinga, o candidato presidencial que perdeu as eleições em agosto passado, continua a afirmar que lhe foi "roubada" a vitória e que o Governo de Ruto é "ilegítimo".
"Estamos a pedir uma redução do custo de vida, uma redução nos preços da farinha de milho, da gasolina, do açúcar e das propinas escolares", disse Raila Odinga para centenas de apoiantes da classe trabalhadora do distrito de Kawangware, antes de a polícia disparar gás lacrimogéneo e canhões de água contra a marcha, para a fazer mudar de direção.
Em Kibera, a maior favela da capital, os manifestantes atearam fogo a pneus e atiraram pedras à polícia.
Os manifestantes daquele reduto de Raila Odinga confrontaram a polícia, batendo em panelas vazias e cantando "não temos farinha de milho", segundo relatos de um repórter da agência de notícias francesa AFP no local.
A situação permaneceu calma no resto da cidade, especialmente nos bairros onde ocorreram confrontos na semana passada, e onde se estabeleceu uma forte presença policial para este dia arriscado.
Os esquadrões antimotim ocuparam pontos estratégicos em Nairobi e patrulharam as ruas, onde muitos negócios permaneceram fechados. As ligações ferroviárias entre os subúrbios e o distrito comercial central foram suspensas.
Raila Odinga manteve, este domingo, o seu apelo a manifestações contra os efeitos da inflação todas as segundas e quintas-feiras, pouco depois de o chefe da polícia, Japhet Koome, ter decretado uma proibição dos protestos marcados para hoje.
Koome tinha avisado que a polícia não permitiria que "hooligans viessem à cidade para pilhar e destruir bens e empresas das pessoas".
Em Kisumu, um bastião da oposição no oeste do país, a polícia gaseou cerca de 200 saqueadores.
Odinga descreveu, no domingo, a planeada manifestação de força na segunda-feira como a "mãe de todas as manifestações" e acusou o vice-Presidente, Rigathi Gachagua, de orquestrar uma operação para criar o "caos".
Na passada segunda-feira, manifestações da oposição levaram a confrontos entre manifestantes e polícia.
Um estudante foi morto por tiros da polícia e 31 polícias ficaram feridos nos confrontos em Nairobi e nos bastiões da oposição na parte ocidental do Quénia.
Mais de 200 pessoas foram presas, incluindo várias figuras de liderança da oposição, e a marcha de Odinga já foi alvo de gás lacrimogéneo e canhões de água.
William Ruto, atualmente em viagem pela Europa, apelou na quinta-feira ao líder da oposição para que acabasse com os protestos: "Digo a Raila Odinga que se ele tem um problema comigo, deve enfrentar-me e parar de aterrorizar o país".
Muitos quenianos, confrontados com os elevados preços das mercadorias, estão a lutar para se alimentarem a si próprios. A inflação atingiu 9,2% em fevereiro, de acordo com o Governo, e o recorde de seca na região deixou milhões de pessoas sem recursos e sem alimentos.
"Se os líderes não se pronunciarem, aqueles que são afetados somos nós. Eles são pessoas ricas, e nós é que vamos dormir de estômago vazio", disse à AFP o motorista de táxi Collins Kibe.
O regulador de energia do Quénia anunciou um aumento dos preços da eletricidade a partir de abril, apesar de o presidente Ruto ter dito, em janeiro, que não haveria nenhuma subida dos preços da energia elétrica.
Durante a campanha eleitoral, o atual presidente retratou-se como um defensor dos mais desfavorecidos e prometeu melhorar a vida do cidadão comum do seu país. No entanto, retirou os subsídios ao combustível e à farinha de milho, um alimento básico.
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