O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, terá admitido no seu círculo próximo que a guerra vai durar "muito, muito tempo". Declarações privadas que emergem e contrastam com as avaliações otimistas dos dirigentes de Moscovo em público.
As revelações foram feitas por duas fontes anónimas ao The Guardian, que relataram aquele que foi um jantar no final de dezembro, ocorrido entre um grupo de velhos amigos, num apartamento de um alto funcionário do Estado russo. Entre os presentes, além de Peskov, estavam membros da elite cultural e política da Rússia.
O porta-voz de longa data de Vladimir Putin terá desanimado os presentes quando se levantou para um brinde. "Acho que vocês esperam que eu diga alguma coisa", disse Dmitry Peskov, segundo citou uma das fontes, que participou no jantar.
"As coisas vão ficar muito mais difíceis. Isto levará muito, muito tempo", acrescentou o porta-voz.
O brinde terá deixado deixado os ânimos estranhos. "Foi desconfortável ouvir o discurso dele. Ficou claro que ele estava a alertar que a guerra permaneceria connosco e que deveríamos preparar-nos para o longo prazo", disse uma das fontes.
Recorde-se que a invasão russa à Ucrânia, que se iniciou em fevereiro do ano passado, já causou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O presidente russo justifica a guerra com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
Segundo a ONU, a guerra já matou 8.401 civis e deixou 14.023 feridos - números que estão muito aquém dos reais.
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