O secretário de Segurança do Distrito Federal (DF), Sandro Avelar, explicou que a operação incluirá um encerramento parcial do tráfego de veículos na Esplanada dos Ministérios, uma avenida onde se concentram os edifícios do poder público e as sedes dos três poderes, que foram atacadas no dia 08 de janeiro.
A presença policial será mais numerosa na Praça dos Três Poderes, onde se encontram a sede da Presidência, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso, que a 08 de Janeiro foram atacadas e saqueadas por apoiantes radicais de Jair Bolsonaro que tentavam forçar um golpe de Estado contra o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula da Silva tomou posse a 01 de janeiro, dois dias após Bolsonaro, ainda em funções, ter viajado para os Estados Unidos com a intenção de não entregar o cargo após uma derrota eleitoral que ainda não reconheceu.
De acordo com o secretário de Segurança do DF, os serviços secretos do Governo estão a monitorizar os movimentos da extrema-direita nas redes sociais, a fim de evitar qualquer apelo a manifestações para assinalar o regresso de Bolsonaro.
Embora até agora, não se esperem quaisquer eventos públicos, as agências policiais da cidade "estarão atentas", disse.
"A Polícia Federal é responsável pelo aeroporto, a Polícia Militar e o departamento de trânsito vigiará as ruas e a Polícia Civil atuará em inteligência", disse, referindo-se ao papel de cada organismo de segurança.
Jair Bolsonaro deverá aterrar em Brasília, vindo dos Estados Unidos, por volta das 07:00 locais (11:00 em Lisboa) de quinta-feira e as autoridades estão a encetar esforços para que nenhuma manifestação ocorra no aeroporto da capital brasileira.
"O intuito é criar o menor prejuízo possível. Não há previsão de pontos de revista. A Polícia Militar do DF vai fazer triagem para o acesso ao aeroporto de motos e camiões, por exemplo, e veículos de possíveis manifestações. Ocorrerá revista em situações de eventual suspeita", explicou o secretário do DF, citado na imprensa local.
Por outro lado, o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no DF, também citado na imprensa local, afirmou existirem movimentações de manifestantes em direção a Brasília para a chegada de Bolsonaro.
"Ônibus [autocarros] virão para Brasília, mas não posso afirmar que existem caravanas. Não há acréscimo de veículos nas rodovias neste momento, o que não significa que não pode haver posteriormente. O monitoramento da PRF está sendo feito com a Agência Nacional de Transportes Terrestres. Não haverá bloqueios nas rodovias federais, mas, em caso de suspeita, haverá revista de pessoas e veículos", detalhou.
O regresso de Bolsonaro foi anunciado pelo Partido Liberal (PL), ao qual aderiu em 2021 e que o nomeou "presidente honorário" após a sua campanha mal sucedida de reeleição contra Lula da Silva, que o derrotou nas urnas em outubro de 2022 por uma diferença de 1,8 pontos percentuais.
O PL não convocou quaisquer eventos para acolher Bolsonaro, e apenas planeou uma visita à sede do partido.
Hoje, através de um comunicado, o PL explicou que Bolsonaro, ao sair do aeroporto, "segue para a sede do Partido Liberal, no Complexo Brasil 21, onde será recebido, entre outros, pela esposa, Michelle Bolsonaro, pelo Presidente Nacional do partido, Valdemar Costa Neto, pelo Secretário de Relações Institucionais do partido, general Braga Netto, e por outras autoridades".
"Não está previsto qualquer evento ou fala do ex-presidente. Ele deverá receber cumprimentos de parlamentares do PL e de outras autoridades num espaço reservado dentro do Complexo Brasil 21, com acesso restrito. O encontro será fechado", detalhou o partido.
De acordo com a mesma nota, Jair Bolsonaro assume formalmente a função de presidente de honra do Partido Liberal.
O governo de Lula da Silva recusou-se a comentar o regresso do ex-presidente.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou hoje que nem o Governo nem Lula da Silva "têm uma opinião" ou qualquer "preocupação" sobre o regresso de "um cidadão que afirma estar na oposição".
Bolsonaro está a ser processado nos tribunais numa dúzia de casos, a maioria dos quais estão agora a ser processados em primeira instância, uma vez que perdeu os privilégios que lhe foram garantidos pelo seu ex-cargo.
Está a ser investigado por encorajar atos de golpe de Estado, por campanhas para desacreditar o sistema de justiça eleitoral, por divulgar informações falsas, e por alegados abusos económicos e de poder.
Cinco casos permanecem perante o Supremo Tribunal, um dos quais procura determinar a "autoria intelectual" da tentativa de golpe de Estado de 08 de Janeiro.
Nas últimas semanas, foi acrescentada uma investigação, que ainda não chegou ao tribunal, sobre presentes valiosos que recebeu da Arábia Saudita enquanto Presidente e que manteve depois de deixar o cargo.
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