Obrador também realçou que o atual Governo do Peru é "racista" e deteve Castillo porque este é indígena.
Estas declarações foram a indicação mais contundente de que López Obrador não reconhece a atual Presidente peruana, Dina Boluarte, noticiou a agência Associated Press (AP).
"Ele [Castillo] é o Presidente legal e legítimo. Ele sofreu um golpe", referiu López Obrador em conferência de imprensa.
"Não vão aceitar Pedro Castillo porque é serrano, é indígena", acrescentou.
Boluarte assumiu o cargo em 07 de dezembro, na sequência da detenção do Presidente Pedro Castillo, acusado de autogolpe de Estado.
Castillo, que foi o primeiro líder do Peru de origem rural andina, tem sido associado a escândalos de corrupção depois da sua saída.
O Governo de López Obrador não anunciou que iria retirar o reconhecimento formal do Governo de Boluarte, mas as relações entre os dois países sofreram com a postura do Presidente mexicano.
Em fevereiro, Boluarte retirou o embaixador do seu país no México em resposta a comentários anteriores de López Obrado.
Desde a detenção de Castillo, registaram-se fortes mobilizações populares que exigiram a sua libertação, a demissão da sua vice-Presidente Dina Boluarte, que assumiu a chefia do Estado, a antecipação das eleições, a dissolução do parlamento e a convocação de uma assembleia constituinte.
Os protestos de rua no Peru foram enfrentados por ações policiais que resultaram num total de 67 mortos, a maioria manifestantes, segundo as autoridades peruanas.
Embora López Obrador tenha criticado a morte de manifestantes no Peru, o líder mexicano foi criticado por fazer poucas declarações sobre as centenas de nicaraguenses mortos ou exilados pelo Governo do Presidente Daniel Ortega.
A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam Castillo, de origem ameríndia, que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, e pelos principais 'media' na posse de empresários milionários.
Num relatório divulgado em finais de fevereiro, a Amnistia Internacional (AI) denunciou a "violenta repressão do Estado" peruano contra os protestos antigovernamentais no país e o "uso indiscriminado de armas letais" contra manifestantes, para além de detenções arbitrárias e outras violações dos direitos humanos, incluindo alegadas execuções extrajudiciais.
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