A mediática primeira-ministra Sanna Marin deverá perder as eleições legislativas na Finlândia, passando as chaves do poder ao partido conservador Kansallinen Kokoomus, que terá possibilidade de coligar com uma crescente extrema-direita.
O líder dos conservadores, Petter Orpo, já reivindicou a vitória no sufrágio, atingida com cerca de 20,7% dos votos. Também a primeira-ministra já reagiu, aceitando a derrota e afirmando que "a democracia falou".
A corrida a três foi extremamente renhida, mas os resultados preliminares foram avançados pela televisão pública YLE que, com 97% dos votos contados, dava 19,9% ao SDP de Sanna Marin.
Yle's forecast suggests the NCP will be the largest party in the new parliament, followed by the Finns Party and the SDP pic.twitter.com/DPhpjg0CRX
— Yle News (@ylenews) April 2, 2023
O SDP, de centro-esquerda social-democrata, que liderava uma coligação governamental com cinco partidos, entrou para estas eleições com uma desvantagem nas sondagens, atrás dos conservadores e do Partido dos Finlandeses (Perussuomalaiset), o grupo de extrema-direita que defende uma política anti-imigração forte.
O Perussuomalaiset acabou por recolher 20,1% dos votos, com 97% dos boletins contados.
Agora, os conservadores terão uma primeira oportunidade de formar um governo, já que, mesmo juntos, ainda não têm uma maioria de 100 lugares no parlamento de 200 deputados.
Quando tomou posse em 2019, como líder de uma 'geringonça' de cinco partidos, incluindo partidos mais à esquerda no parlamento e ambientalistas, Marin tornou-se na mais jovem primeira-ministra do mundo, com pouco mais de 30 anos.
O próprio governo tornou-se histórico, com todas as líderes dos cinco partidos na coligação a serem mulheres.
O seu mandato ficou marcado por rasgados elogios por especialistas à sua gestão da pandemia da Covid-19; e, desde 2022, a Finlândia tornou-se num dos focos diplomáticos da guerra da Ucrânia, ao apresentar, juntamente com a Suécia, uma candidatura a membro da NATO - candidatura que já foi entretanto ratificada pela Turquia.
Marin também fez manchetes após vídeos da sua vida social terem sido divulgados. As imagens da jovem líder a festejar funcionaram como uma promoção de um estilo de vida mais saudável para líderes mundiais e, ainda que alguns criticassem o seu comportamento, chamando-o inapropriado, a verdade é que uma sondagem de jornal finlandês apontou para uma taxa de aprovação de 64%.
O que torna esta eleição tão renhida para o governo liderado pelo centro-esquerda não é a figura de Marin, mas sim a economia. Segundo explica o The Guardian, o executivo tem sido acusado de aumentar consideravelmente o défice das contas do estado e as críticas da oposição sobre este crescimento da despesa funcionaram para descredibilizar a liderança.
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