Turquia acusa Israel de cruzar "linha vermelha" após violência

A Turquia condenou hoje os confrontos na Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, entre a polícia israelita e centenas de palestinianos, com o Presidente Recep Tayyip Erdogan a acusar Israel de ter cruzado "a linha vermelha".

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© Alexis Mitas/Getty Images

Lusa
05/04/2023 22:43 ‧ 05/04/2023 por Lusa

Mundo

Mesquita Al-Aqsa

"A Turquia não pode ficar em silêncio perante estes ataques. Transgredir a Mesquita de Al-Aqsa é a nossa linha vermelha", sublinhou o chefe de Estado turco durante um 'iftar', a quebra do jejum diário no mês do Ramadão, perante uma multidão de reformados.

"Os palestinianos não estão sozinhos", insistiu Erdogan, citado pela agência France-Presse (AFP).

Antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, já tinha considerado os confrontos "inaceitáveis".

"Condenamos veementemente estes ataques", frisou o chefe da diplomacia turca à margem da cimeira da NATO em Bruxelas.

"A normalização com Israel começou, mas o nosso compromisso não pode ser feito à custa da causa palestiniana e de nossos princípios", acrescentou, considerando que "estes ataques ultrapassaram os limites".

Israel e a Turquia completaram em janeiro a retoma total das suas relações diplomáticas após vários anos de crise.

O Exército israelita divulgou hoje de manhã que 10 'rockets' foram disparados da Faixa de Gaza, dos quais quatro foram intercetados, cinco caíram em áreas despovoadas e um atingiu uma fábrica na cidade de Sderot, na fronteira com Gaza.

Em resposta, aviões de combate do Exército israelita atacaram três instalações do movimento islâmico Hamas, que governa de facto o enclave costeiro e que Israel considera responsável por qualquer ataque.

Esta troca de projéteis ocorreu depois de grandes grupos de fiéis muçulmanos terem procurado passar a noite dentro da Mesquita Al Aqsa, localizada na Esplanada das Mesquitas na Cidade Velha de Jerusalém Oriental ocupada, e entrado em confronto com as forças israelitas ao amanhecer, que os expulsaram à força.

Em imagens publicadas nas redes sociais é possível ver agentes a carregarem contra fiéis muçulmanos na mesquita de Al-Aqsa.

Os confrontos provocaram mais de uma dezena de feridos palestinianos e cerca de 400 detidos, naqueles que são os acontecimentos mais tensos da região desde que começou o mês sagrado muçulmano do Ramadão, há duas semanas.

Dois novo 'rockets' foram disparados hoje à noite desde a Faixa de Gaza em direção a Israel, sem causarem feridos, divulgou o Exército israelita.

Os incidentes na mesquita já levaram a Liga Árabe, através da Jordânia, a convocar uma reunião extraordinária da organização e Marrocos, signatário dos Acordos de Abraão, a condenar "veementemente" a intervenção da polícia israelita e a denunciar a "agressão e o terror contra fiéis em pleno mês do Ramadão".

Pelo segundo ano consecutivo, o mês sagrado muçulmano coincide em 2023 com as celebrações da Páscoa judaica, que começam hoje à tarde e costumam registar um aumento do número de judeus que visitam a Esplanada das Mesquitas, gerando a reação dos fiéis palestinianos.

Israel assumiu o controlo de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia em 1967 e, desde então, manteve uma ocupação e colonização desses territórios, uma das mais longas da história recente.

Por sua vez, os poucos mais de três meses de 2023 marcam o início do ano mais violento no quadro do conflito israelo-palestiniano desde 2000.

Este ano, 92 palestinianos já morreram em incidentes violentos com Israel, enquanto do lado israelita, 15 pessoas morreram em ataques perpetrados por palestinianos.

Leia Também: EUA "extremamente preocupados" com violência em mesquita de Jerusalém

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