Jack Teixeira, o jovem suspeito de ter divulgado os documentos secretos dos Estados Unidos e que foi detido, esta quinta-feira, por agentes federais norte-americanos é lusodescendente.
A informação foi confirmada pelo presidente da Casa dos Açores de Fall River, Francisco Viveiros, à CNN Portugal. Segundo a fonte, os avós do jovem de 21 anos são açorianos, mas Jack Teixeira não tem dupla nacionalidade. O avô será natural de São Miguel.
Francisco Viveiros esclareceu ainda que a família é bastante reservada e que não fazia ideia que o jovem estava envolvido neste tipo de atividades.
Ao Observador, Francisco Viveiros confirmou também que Jack não está inscrito no consulado e que a avó será uma florista de Fall River. A casa onde mora está registada no nome da mãe, Dawn Teixeira, que é norte-americana.
Os pais do jovem ter-se-ão divorciado quando este era ainda criança e a família tinha um historial ligado às Forças Armadas. Jack terá, até faltado à cerimónia de formatura do ensino secundário, por já se encontrar numa base da Força Aérea no Texas, relata o The New York Times.
Recorde-se que Jack Teixeira foi detido, esta quinta-feira, por suspeitas de ter divulgado documentos militares e dos serviços de informações dos Estados Unidos num grupo 'Thug Shaker Central' - 'chat' na rede social Discord - do qual era administrador.
Segundo o procurador-geral norte-americano, Merrick Garland, o jovem de 21 anos, "funcionário da Guarda Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos", foi detido "sem incidentes" por agentes federais norte-americanos e será indiciado ainda hoje no tribunal distrital federal de Massachusetts.
A detenção, levada a cabo pelo FBI, deve-se à sua possível participação no "desvio, retenção e transmissão não autorizada de informações classificadas de defesa nacional", referiu Garland, rodeado por altos funcionários do Departamento de Justiça e do FBI, em Washington.
Ao que o The New York Times revelou, Jack Teixeira será julgado de acordo com o previsto na Lei de Espionagem, que estipula que cada documento vale a própria acusação. Poderá enfrentar até 10 anos de prisão por cada crime cometido.
De acordo com informação divulgadas pelo jornal norte-americano, o jovem liderou o 'chat' virtual, onde cerca de 20 a 30 jovens "se reuniram para compartilhar o amor por armas, 'memes' racistas e videojogos", de acordo com o jornal norte-americano, que examinou entrevistas e documentos.
Membros do grupo, encorajados pelo The New York Times, referem que Jack era conhecido como 'OG' no 'chat' e alegava passar parte do dia numa instalação segura onde os telemóveis eram proibidos.
Um deles disse que, inicialmente, o jovem publicou versões de documentos altamente secretos no grupo, mas decidiu publicar fotos dos próprios documentos. Além de compartilhar segredos de Estado, o 'OG' também antecipava grandes acontecimentos antes de tornarem o conhecimento público, referindo-se a outro membro do 'Thug Shaker Central'.
Na semana passada, o Departamento de Justiça dos EUA abriu uma investigação criminal formal, depois de o assunto ter sido encaminhado pelo Pentágono, que está a avaliar os danos causados pelo que pode ser a divulgação mais prejudicial de informações sigilosas dos EUA em anos.
O Washington Post já noticiava, na quarta-feira, que o homem responsável pela divulgação de documentos secretos do Pentágono era um "jovem racista e fanático por armas" na casa dos 20 anos que, alegadamente, funcionava numa base militar norte-americana.
[Notícia atualizada às 23h14]
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