Cabo Verde vai presidir à Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul
Cabo Verde assume na terça-feira a presidência da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas), que reúne 21 países africanos e três sul-americanos, colocando o tema dos oceanos como prioridade, foi hoje anunciado.
© Lusa
Mundo Cabo Verde
"Cabo Verde, na sua presidência da Zopacas, irá dar muita importância à questão dos oceanos, à grande riqueza que os oceanos têm para a humanidade e todas as questões ligadas também aos oceanos como a sustentabilidade e as questões das alterações climáticas", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares, em conferência de imprensa realizada na Praia para antecipar a reunião ministerial da Zopacas, que vai decorrer a 18 de abril no Mindelo, ilha de São Vicente.
"Cabo Verde disponibilizou-se para acolher esta VIII da reunião ministerial e assumir a presidência da Zopacas por dois anos, depois de Montevideu. E Cabo Verde propõe-se contribuir firmemente para dinamização deste fórum de paz e segurança no Atlântico Sul, para conseguirmos também que o vasto potencial de cooperação existente entre os países dos dois lados do Atlântico Sul, seja de facto visível, palpável e com resultados que todos possamos avaliar", acrescentou o chefe da diplomacia cabo-verdiana.
A VIII reunião ministerial da organização vai realizar-se no Centro Oceanográfico do Mindelo, a partir das 10:00 locais (12:00 em Lisboa), sendo antecedida, na segunda-feira, por reuniões preparatórias de altos representantes ou pontos focais.
"Batalhamos muito na altura para trazer a presidência da Zopacas para Cabo Verde. Para já, isto põe Cabo Verde uma vez mais no mapa, no mapa geopolítica mundial. Pela nossa posição, por aquilo que nós podemos dar. E Cabo Verde deve ser um país cada vez mais útil na arena internacional e nestas questões de paz, cooperação, segurança", assumiu Rui Figueiredo Soares.
A VII reunião ministerial (Negócios Estrangeiros ou Relações Exteriores) dos Estados-membros desta organização realizou-se em Montevidéu (Uruguai) de 14 a 16 de janeiro de 2013, há mais de uma década.
"É por isso que estamos a falar aqui da necessidade de revitalizar a Zopacas. Questões várias que terão a ver com as datas marcadas previstas para as reuniões e alguma desaceleração também em relação aos grandes desafios que a humanidade pensava ter de enfrentar. Entretanto, ocorreu, como sabe, a invasão da Ucrânia e os países e as pessoas que dirigem os países deram conta de que é cada vez mais premente nós termos esta cooperação, em termos de segurança", justificou o ministro.
"A invasão da Ucrânia e o redesenhar do papel das várias potências demonstrou que, inexoravelmente, é preciso cada vez mais ter nos grupos de países que defendem a paz e a cooperação para chegar a esta paz", defendeu ainda.
Esta reunião chegou a estar agendada para novembro passado, no Mindelo, o que acabou por não acontecer por motivos de agenda. Para o encontro da próxima semana já estão confirmadas delegações de governos de 17 dos 24 países que integram a Zopacas.
"Vamos ter na reunião de São Vicente vários ministros dos Negócios Estrangeiros, alguns ministros da Defesa, outros ministros, por exemplo, no caso de Angola, vamos ter a ministra do Mar, o ministro do Interior também. O objetivo principal é a preservação da paz, da estabilidade, do desenvolvimento dos países que integram a Zopacas e entre estes países da Zopacas e os outros atores internacionais", recordou Rui Figueiredo Soares.
Para este evento, o ministro explicou que a Força Aérea do Brasil disponibilizou uma aeronave, para permitir o transporte das delegações entre a Praia, capital, e a ilha de São Vicente.
"Nós queremos, ao assumir esta presidência, dar a este importante fórum uma valência que tem a ver com a troca de experiências no domínio da inovação, sobretudo, para que o potencial de cooperação existente entre todos estes países possa ser desenvolvido e esse potencial de forma partilhada, proporcionando o desenvolvimento sustentável de todos os Estados-membros da Zopacas. Isto passará necessariamente pela promoção do intercâmbio científico entre as instituições de todos esses países, nomeadamente em matéria dos oceanos", acrescentou o ministro.
Com sede em Brasília (Brasil), a Zopacas foi criada por resolução das Nações Unidas em 1986, com o objetivo de evitar a introdução de armamentos nucleares e outros de destruição em massa na região, bem como, por meio do multilateralismo, aproveitar todo o potencial socioeconómico do corredor atlântico.
São signatários da Zopacas, além de Brasil e Cabo Verde, também Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial (todos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
Integram igualmente a organização a África do Sul, Benin, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Libéria, Namíbia, Nigéria, República do Congo, República Democrática do Congo, Senegal, Serra Leoa e Togo (África), bem como a Argentina e o Uruguai (América do Sul).
Segundo Rui Figueiredo Soares, na reunião ministerial serão adotados dois "documentos fundamentais", casos da Declaração do Mindelo e do Plano de Ação do Mindelo, "que irão nortear as atividades da Zopacas durante os próximos dois anos em que Cabo Verde irá assumir a presidência".
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