Um fotógrafo alemão, que venceu o Sony World Photography Award na categoria Criatividade, recusou o prémio depois de revelar que a fotografia que o levou a receber a distinção era, na verdade, uma criação de inteligência artificial (IA).
O prémio foi atribuído a Boris Eldagsen, na semana passada, pelo trabalho intitulado 'Pseudomnesia: The Electrician' e que mostra uma imagem, a preto e branco, de duas mulheres de gerações diferentes.
Entretanto, o fotógrafo admitiu que o objetivo era perceber se competições deste género estão prontas para lidar com imagens criadas com inteligência artificial, além da necessidade de gerar uma discussão sobre aquilo que será o futuro da fotografia.
"Concorri como um ‘macaco atrevido’ para descobrir se as competições estão preparadas para imagens criadas por IA. Não estão. Nós, o mundo da fotografia, precisamos de iniciar um debate. Um debate sobre o que consideramos ser fotografia e o que não o é. Será o ‘chapéu’ da fotografia grande o suficiente para convidarmos as imagens de IA a entrar, ou será isso um erro? Com a rejeição do prémio espero acelerar este debate", disse Boris Eldagsen, num comunicado citado pela imprensa internacional.
Para o fotógrafo, "as imagens de IA e a fotografia não devem competir entre si num prémio como este", uma vez que "são entidades diferentes".
Contudo, apesar da polémica gerada em torno da premiação, o júri admitiu que sabia que a imagem tinha sido criada através de inteligência artificial.
Um porta-voz da organização do World Photography indicou que, durante as conversas com o artista, antes de ser anunciado como vencedor, este tinha confirmado que a obra era uma "cocriação" da sua imagem, usando inteligência artificial.
"Explicou-nos como, após duas décadas de fotografia, o seu foco artístico se alterou, de forma a explorar as possibilidades criativas da inteligência artificial e enfatizou que a imagem depende fortemente da riqueza de conhecimento fotográfico", disse.
Além disso, segundo a mesma fonte, a categoria de Criatividade da competição "aceita várias abordagens experimentais para a criação de imagens, desde cianótipos e radiografias até utilização de tecnologia de ponta" - o que levou a organização, já depois de falar com o fotógrafo, a considerar que a "inscrição preenchia os critérios" para a categoria.
"Além disso, estávamos ansiosos para participar numa discussão mais aprofundada sobre este tópico e saudamos o desejo de diálogo de Boris, preparando perguntas para uma sessão de perguntas e respostas com ele no nosso site. Como ele decidiu recusar o seu prémio, suspendemos as nossas atividades com ele e, a pedido dele, removemo-lo da competição", rematou.
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