"A OMS condena fortemente os ataques relatados a pessoal de saúde, instalações de saúde e ambulâncias no Sudão; estes ataques, que parecem ser em número cada vez maior, já levaram à morte de pelo menos três pessoas e dois feridos, e limitam o acesso a cuidados de saúde que salvam vidas, colocando mais pessoas em risco", disse o diretor regional num comunicado hoje divulgado.
No comunicado, a OMS salienta que os "relatos de ataques militares contra instalações de saúde, sequestro de ambulâncias com os pacientes e paramédicos a bordo, pilhagem de instalações de saúde e de forças militares a ocuparem instalações de saúde são profundamente preocupantes".
O comunicado da OMS surge no mesmo dia em que o Sindicato dos Médicos do Sudão anunciou que mais de metade dos hospitais da capital, assim como os das regiões periféricas, foram encerrados, enquanto os restantes correm o risco de encerramento devido à falta de pessoal médico e de abastecimento básico, no seguimento da onda de violência que varre o país desde sábado.
"Os ataques ao setor da Saúde são uma violação flagrante da lei internacional e do direito à saúde, e têm de parar imediatamente; as partes no conflito devem garantir o acesso seguro de pacientes, pessoal de saúde e ambulâncias aos hospitais a todo o momento, e os pacientes precisam de acesso a cuidados de saúde não apenas para tratar ferimentos, mas também para outros serviços essenciais", lê-se ainda no comunicado.
Os combates, que começaram no sábado, 15 de abril, entre o exército sudanês e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF), seguem-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança durante as negociações para formar um novo Governo de transição.
A luta pelo poder colocou o general Abdel Fattah al-Burhan, comandante das forças armadas, contra o general Mohammed Hamdan Dagalo, 'Hemedti', chefe das Forças de Apoio Rápido, um grupo paramilitar, numa reviravolta face à organização conjunta de um golpe militar em outubro de 2021, que derrubou o então governo de transição que sucedeu a décadas de Omar Al-Bashir no poder.
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