Zelensky quem pediu também a ajuda da Aliança para "superar a relutância" dos aliados em entregar "armas vitais" para Kyiv combater Moscovo, uma "linha vermelha" que o Kremlin vê como uma "ameaça existencial".
Entre o armamento, segundo o presidente ucraniano, figuram "armas de longo alcance [mísseis], aviação moderna, artilharia e veículos blindados".
A Ucrânia tem vindo a pedir a adesão à NATO há vários anos, solicitação que ganhou força depois da invasão russa do país, a 24 de fevereiro de 2022, com Kyiv a considerar a entrada na Aliança Atlântica como a "única garantia real" da sua segurança contra Moscovo.
Favorável em princípio à integração deste país, a NATO é, porém, muito vaga quanto ao calendário, podendo a entrada da Ucrânia na organização provocar uma escalada do conflito, pois a Rússia considera tal alargamento uma "linha vermelha".
"A cimeira da NATO em Vílnius [em Julho] pode tornar-se histórica", insistiu Zelensky, considerando "importante" que a Ucrânia receba, aí, o respetivo convite" para aderir à organização.
"Chegou a hora", insistiu Zelensky.
Por seu lado, o secretário-geral da NATO declarou em Kyiv que a sua prioridade é uma vitória militar ucraniana sobre a Rússia e que a questão da adesão da Ucrânia à Aliança será debatida em julho, na cimeira da organização.
"O futuro da Ucrânia está na família euro-atlântica, o futuro da Ucrânia está na NATO. Ao mesmo tempo, o principal objetivo da Aliança, dos aliados, é garantir que a Ucrânia vença" a guerra contra a Rússia, afirmou Jens Stoltenberg, ladeado por Zelensky.
O norueguês admitiu que o assunto estará em discussão na próxima cimeira da Aliança Atlântica, que se realiza a 11 e 12 de julho na capital da Lituânia, Vilnius.
"Reconheço, é claro, que o presidente Zelensky levantará a questão da adesão, das garantias de segurança, e isso estará no topo da agenda", acrescentou Stoltenberg.
Já hoje, o Kremlin repetiu, pela voz de Dmitri Peskov, porta-voz de Vladimir Putin, que um dos objetivos da ofensiva russa era precisamente impedir qualquer entrada da Ucrânia na Aliança Atlântica, porque tal representaria "uma séria ameaça à segurança da Rússia".
Tendo falhado em alcançar uma rápida vitória militar, a Rússia apresenta agora o conflito na Ucrânia como uma guerra por procuração da NATO e a invasão do país como uma necessidade.
Sobre a questão da ajuda militar ocidental à Ucrânia, Zelensky exortou Stoltenberg a fazer mais, uma vez que Kyiv, sustentou, "precisa urgentemente de caças, tanques, artilharia e sistemas de tiro de longo alcance para atingir armazéns russos, bem atrás da linha de frente".
Depois de resistir aos ataques russos na Frente Oriental durante todo o inverno, as forças ucranianas estarão a preparar a sua própria ofensiva para a primavera ou verão, mas para isso necessitam armamento e respetivas munições.
Zelensky também sublinhou que o objetivo continua a ser "a libertação completa dos territórios [ucranianos] conquistados pelo ocupante russo".
No entanto, entre as reservas insuficientes de armamento, o medo de uma escalada e a existência de problemas logísticos, quer norte-americanos quer europeus têm sido mais cautelosos do que Kyiv gostaria, indicou a agência noticiosa France-Presse (AFP).
Nesse sentido, Zelensky exortou Stoltenberg a ajudá-lo a "superar a relutância de alguns parceiros em relação à entrega de certas armas, ou seja, [aquelas] de longo alcance, aviação moderna, artilharia, veículos blindados".
Para o presidente ucraniano, a Ucrânia está a pagar "com a vida dos soldados, que ainda não receberam os indispensáveis instrumentos de defesa".
A AFP refere que a capacidade de Kyiv de montar uma contraofensiva em grande escala é o principal assunto de especulação no início da primavera, após uma longa fase de guerra de atrito destinada a exaurir o inimigo russo.
Enquanto a feroz defesa de Bakhmut -- a cidade epicentro dos combates no leste -- custou caro ao exército russo, as tropas ucranianas também sofreram perdas significativas, com o prolongamento do conflito a consumir as reservas de armamento.
Neste quadro, Stoltenberg observou que as discussões planeadas para sexta-feira com os Estados membros da NATO na base militar norte-americana de Ramstein, na Alemanha, vão integrar a entrega de armas adicionais a Kyiv, que não especificou.
A Aliança está focada em enviar munições para sistemas já implantados na Ucrânia, acrescentou o secretário-geral da NATO.
"Espero que aliados e parceiros da NATO façam anúncios mais concretos de apoio militar à Ucrânia. É extremamente importante garantir que os sistemas, as armas que já estão na Ucrânia estejam a funcionar como deveriam, ou seja, com grandes reservas suficientes de munições, peças sobressalentes e manutenção", frisou.
Segundo Stoltenberg, desde o início da invasão russa, o Ocidente forneceu mais de 150.000 milhões de dólares (136.700 milhões de euros) em ajuda à Ucrânia, incluindo 65.000 milhões de dólares (59.250 milhões de euros) em ajuda militar.
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