O vice-embaixador da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), Dmitry Polyanskiy, negou, esta quinta-feira, as acusações de que a Moscovo está a cometer crimes de guerra ao deportar crianças ucranianas e defendeu que as mesmas estão ser “salvas do exército ucraniano”.
“Claro que não se trata de um crime de guerra. Fomos acusados de roubar crianças, mas, de facto, estamos a salvá-las do exército ucraniano”, começou por referir Polyanskiy, em entrevista à Sky News.
“É só mais uma campanha de difamação contra a Rússia, que infelizmente está a explorar a questão de crianças em guerra”, acrescentou.
O responsável defendeu ainda que as “pessoas vão para a Rússia voluntariamente” e afirmou que, “desde fevereiro de 2014”, altura em que começou a guerra no Donbass, "há cinco milhões de residentes da Ucrânia, ou das repúblicas de Lugansk e de Donetsk", que foram para a Rússia. Neste número “incluem-se mais de 730 mil crianças, a grande maioria das quais com os pais ou familiares”.
“Claro que há um certo número de órfãos, mas estes órfãos estão a ser levados temporariamente por famílias de acolhimento. Não é a adopção, é a tutela, é uma situação diferente”, defendeu.
Sublinhe-se que a transferência de crianças, com o objetivo de reeducação política, adoção em orfanatos e até treino militar, ocorre desde o início da invasão da Ucrânia nos territórios controlados pela Rússia.
Este foi o motivo que levou o Tribunal Penal Internacional (TPI) a emitir um mandado de prisão internacional contra o presidente russo, Vladimir Putin, pela sua responsabilidade neste caso.
Também a comissão internacional da ONU que investiga crimes de guerra na Ucrânia considerou que as transferências forçadas e a deportação de crianças violam o direito internacional e constituem crimes de guerra.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou a 24 de fevereiro de 2022 com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 14 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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