"A CADHP expressa a sua indignação, nos termos mais enérgicos possíveis, pelas hostilidades indiscriminadas, incluindo bombardeamentos em zonas residenciais de civis, que têm semeado a morte e mutilação de um número cada vez maior de pessoas e que infligem um enorme sofrimento e dor", destacou o órgão da UA num comunicado.
Além disso, frisou a comissão, são "indignos" os "ataques frequentes a hospitais e centros de saúde".
A este propósito, e também hoje, num relatório semanal dos efeitos da guerra civil no Sudão, que opõe o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), o Sindicato dos Médicos local deu conta de que pelo menos 13 hospitais foram bombardeados desde o início do conflito.
No documento sobre a situação sanitária no conflito, o sindicato adiantou que mais de 70% dos centros de saúde existentes nas zonas de combate foram desativados por causa dos confrontos.
Nesse sentido, o órgão da UA lamentou hoje no comunicado que existe no Sudão um "desprezo total dos princípios do direito humanitário", com feridos e pacientes a não terem acesso a serviços humanitários, medicamentos, alimentação e água potável.
Segundo a CADHP, nos combates morreram civis, destruíram-se habitações, hospitais e centros de saúde, o que tem impedido que se dê atenção médica a feridos, havendo ainda relatos de "violência sexual" contra mulheres e jovens raparigas cometidos por soldados dos dois lados, entre outros abusos.
Por isso, o órgão da UA pede o "fim imediato e incondicional das hostilidades" e que se garanta "urgentemente" o acesso aos serviços humanitários das pessoas que dele necessitem, bem como a criação de um mecanismo da Comissão (Secretariado) da União Africana para "documentar e informar sobre as questões de direitos humanos nos combates em curso no Sudão".
Os combates entre o Exército Sudanês e o poderoso grupo paramilitar FAR começaram a 15 deste mês, apesar de várias tentativas de tréguas humanitárias e após semanas de tensão pela reforma das forças sudanesas nas negociações para a formação de um novo governo de transição.
Segundo a mais recente contagem da Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 413 pessoas morreram e 3.551 ficaram feridas no Sudão desde o início do conflito.
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