Embaixador chinês questiona soberanias pós-soviéticas e abre conflito

O embaixador da China em França, Lu Shaye, provocou protestos da Ucrânia e dos Estados bálticos por defender que os países pós-soviéticos não têm "estatuto efetivo" ao abrigo do Direito Internacional, numa entrevista divulgada no sábado.

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© MARTIN BUREAU/AFP via Getty Images

Lusa
23/04/2023 06:16 ‧ 23/04/2023 por Lusa

Mundo

Lu Shaye

Numa entrevista à cadeia TF1, o diplomata chinês defendeu que "não há nenhum acordo internacional que materialize o seu estatuto de países soberanos" e não conseguiu dar uma resposta concreta quando questionado se "a Crimeia [península anexada pela Rússia em 2014] faz parte da Ucrânia".

Através da rede social Twitter, o embaixador da Ucrânia em França, Vadim Omelchenko, reagiu e destacou as diferenças entre as declarações de Lu Shaye e a postura oficial de Pequim sobre o conflito em curso no território ucraniano.

"Ou este homem tem problemas óbvios com a geografia", respondeu o embaixador ucraniano, prosseguindo: "Ou as suas declarações contradizem a posição de Pequim 'sobre os esforços para restaurar a paz na Ucrânia com base no direito internacional e nos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas'".

O ministro dos Negócios Estrangeiros letão, Edgars Rinkevics, considerou, por sua vez, que estas são "declarações completamente inaceitáveis" e que a Letónia espera "uma explicação do lado chinês e a retratação completa desta declaração".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Lituânia seguiu a mesma linha de protesto e adiantou que vai chamar na segunda-feira o encarregado de negócios da China no país para "dar explicações", numa ação concertada com a Letónia e a Estónia.

O chefe da diplomacia estónio, Margus Tsahkna, também protestou, afirmando que "é triste que um representante da República Popular da China tenha essas opiniões" e que se trata de uma "posição incompreensível".

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