"Comentários inaceitáveis do embaixador chinês em França questionando a soberania dos países que se tornaram independentes com o fim da União Soviética em 1991", disse Josep Borrell, através da sua conta na rede social Twitter.
O chefe da diplomacia europeia acrescentou que "a União Europeia (UE) só pode assumir que estas declarações não representam a política oficial da China".
Na sexta-feira, em declarações num canal francês, o embaixador da China em França defendeu que "não há nenhum acordo internacional que materialize o estatuto de países soberanos" dos Estados pós-soviéticos e não conseguiu dar uma resposta concreta quando questionado se "a Crimeia [península anexada pela Rússia em 2014] faz parte da Ucrânia".
Unacceptable remarks of the Chinese Ambassador to France questioning the sovereignty of the countries which became independent with the end of the Soviet Union in 1991.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) April 23, 2023
The EU can only suppose these declarations do not represent China’s official policy.
Estas declarações provocaram protestos da Ucrânia e dos Estados bálticos.
Através da rede social Twitter, o embaixador da Ucrânia em França, Vadim Omelchenko, reagiu e destacou as diferenças entre as declarações de Lu Shaye e a postura oficial de Pequim sobre o conflito em curso no território ucraniano.
"Ou este homem tem problemas óbvios com a geografia", respondeu o embaixador ucraniano, prosseguindo: "Ou as suas declarações contradizem a posição de Pequim 'sobre os esforços para restaurar a paz na Ucrânia com base no direito internacional e nos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas'".
O ministro dos Negócios Estrangeiros letão, Edgars Rinkevics, considerou, por sua vez, que estas são "declarações completamente inaceitáveis" e que a Letónia espera "uma explicação do lado chinês e a retratação completa desta declaração".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Lituânia seguiu a mesma linha de protesto e adiantou que vai chamar na segunda-feira o encarregado de negócios da China no país para "dar explicações", numa ação concertada com a Letónia e a Estónia.
O chefe da diplomacia estónio, Margus Tsahkna, também protestou, afirmando que "é triste que um representante da República Popular da China tenha essas opiniões" e que se trata de uma "posição incompreensível".
No sábado à noite, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês reagiu "com consternação" às declarações do embaixador chinês.
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