"Temendo pela sua segurança, cerca de 3.000 pessoas atravessaram a fronteira para Am-Dafock, no norte da RCA, e estão a viver em acampamentos espontâneos", afirma a organização, num documento sobre a situação no país consultado pela agência France-Presse.
Os combates mortais entre o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e o exército entraram hoje no seu décimo terceiro dia no Sudão, com a capital, Cartum, e a região de Darfur, na fronteira com o Chade, a serem dominadas pelo caos dos bombardeamentos, uma vez que as partes em conflito ignoram uma trégua de 72 horas que expira à meia-noite (23:00 de Lisboa).
A República Centro-Africana, um dos países mais pobres do mundo, em guerra civil há vários anos, faz fronteira com o Sudão na província de Vakaga, no nordeste do país.
"Mais pessoas estão alegadamente à espera na fronteira para irem para a República Centro-Africana" e o tráfego entre o Sudão e a RCA "foi severamente perturbado, levando a um aumento acentuado do preço dos bens de primeira necessidade", disse a ONU.
Cerca de 120.000 pessoas necessitam de assistência humanitária e de proteção no norte da República Centro-Africana e "a capacidade de absorver as necessidades adicionais é muito limitada", declarou a organização.
Vários países que fazem fronteira com o Sudão anunciaram que acolheram milhares de pessoas do Sudão que fugiam das hostilidades.
Mais de 14.000 sudaneses e 2.000 cidadãos de outros países chegaram ao Egito desde o início do conflito, em 15 de abril, informou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio.
Mais de 3.500 pessoas de mais de 35 nacionalidades, incluindo muitos turcos, refugiaram-se na Etiópia desde 21 de abril, disse à agência noticiosa francesa a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Até 270.000 pessoas poderão fugir do Sudão para o Chade e o Sudão do Sul, adiantou, também, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na terça-feira.
Pelo menos 512 pessoas foram mortas e 4.193 ficaram feridas desde o início dos combates, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), informou na quarta-feira o Ministério da Saúde sudanês.
Apesar de uma trégua de 72 horas mediada pelos Estados Unidos da América ter entrado em vigor na segunda-feira de manhã, combates de baixa intensidade continuaram.
Os combates seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.
Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.
Vários países, incluindo Portugal, estão a retirar os seus cidadãos do Sudão, devido aos intensos combates.
Vinte portugueses que pretendiam deixar o Sudão já foram retirados no país, informou na quarta-feira, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que avançou permanecerem no território dois cidadãos nacionais.
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