Autoridades detêm 132 membros da máfia em megaoperação na Europa

As autoridades policiais e judiciais europeias e sul-americanas, entre eles Portugal, executaram hoje a maior operação coordenada de sempre contra a criminalidade organizada italiana, levando à detenção de 132 membros da máfia calabresa em oito países.

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Lusa
03/05/2023 12:30 ‧ 03/05/2023 por Lusa

Mundo

Máfia

Num comunicado divulgado hoje, a Interpol refere que a operação contra a máfia calabresa, também conhecida por 'Ndrangheta, foi realizada hoje de madrugada através de diferentes rusgas por autoridades policiais, além de Portugal, da Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Espanha, França, Itália e Roménia, bem como Brasil e Panamá.

Várias empresas foram também visadas nas operações que envolveram mais de 2.770 agentes da polícia, que prenderam 132 membros de uma das redes criminosas mais poderosas do mundo.

Segundo o comunicado, a organização de cariz mafioso é responsável por grande parte do tráfico de cocaína na Europa, a par do branqueamento sistemático de capitais, suborno e violência.

A 'Ndrangheta, também conhecida como Famiglia Montalbano, Onorata società e Picciotteria, é uma associação mafiosa que se formou na região da Calábria na Itália. Não sendo tão famosa quanto a siciliana Cosa Nostra, é, porém, atualmente considerada a mais rica e poderosa organização criminosa do ocidente.

A rede criminosa objeto de investigação era liderada por várias famílias poderosas da 'Ndrangheta, com sede sobretudo na cidade de San Luca, na província italiana da Calábria.

Algumas destas famílias estiveram envolvidas em décadas de violência entre clãs, conhecida como "A Rixa de San Luca", que culminou numa série de tiroteios em Itália e no estrangeiro, como o massacre de Duisburgo, na Alemanha, em 2007.

"Os membros da rede criminosa estavam envolvidos em conspirações criminosas, não só por fazerem parte de uma organização de tipo mafioso, mas também por serem responsáveis por tráfico de droga, tráfico de armas de fogo, posse ilegal de armas de fogo, branqueamento de capitais, registo fraudulento de bens, fraude e evasão fiscais, bem como por cumplicidade com fugitivos, entretanto detidos", segundo a Europol

Dois desses fugitivos, cujos nomes não foram revelados, constavam da lista dos mais procurados da União Europeia (UE).

A Eurojust e a Europol apoiaram esta operação internacional contra a 'Ndrangheta, o que constitui a maior operação de sempre contra o sindicato criminoso italiano, que, acrescenta o comunicado da Europol, controla "uma lista impressionante de atividades criminosas".

"A rede criminosa italiana dedicava-se principalmente ao tráfico internacional de droga da América do Sul para a Europa, bem como para a Austrália", sublinha a Europol.

As autoridades descobriram que a rede estava a trabalhar em parceria com o grupo colombiano de crime organizado 'Clã do Golfo" e com um outro bando criminoso de língua albanesa que operava no Equador e em vários países europeus.

Além disso, refere-se no comunicado, os clãs da 'Ndrangheta estavam envolvidos no tráfico internacional de armas de fogo do Paquistão para a América do Sul, fornecendo armas ao famoso grupo criminoso colombiano PCC (Primeiro Comando da Capital) em troca de carregamentos de cocaína.

"Os investigadores seguiram o fluxo de dinheiro num extenso sistema global de branqueamento de capitais, com investimentos maciços na Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal, Argentina, Uruguai e Brasil. O grupo criminoso investia os seus lucros em imóveis, restaurantes, hotéis, empresas de lavagem de automóveis, supermercados e outras atividades comerciais", revelou a Europol.

"Para pagar a cocaína ou transferir ativos ilícitos, os criminosos recorriam frequentemente a intermediários que utilizavam o sistema 'Hawala'", sistema apelidado frequentemente como banca subterrânea, banca paralela ou sistema bancário não oficial, que permite o intercâmbio de divisas.

O sistema permite o envio de dinheiro de um local no mundo para outro, sem tirar esse dinheiro do país. Este método não precisa de bancos ou da troca de moedas, não exigindo o pagamento de comissões, que, por vezes, são altas.

As autoridades policiais e judiciais atuaram em sintonia, com a Eurojust a apoiar através da criação e do financiamento de duas equipas de investigação conjuntas, da organização de dez reuniões de coordenação e da criação de um centro de coordenação para permitir uma cooperação rápida entre as diferentes agências.

A pedido das autoridades italianas, alemãs e belgas, foram abertos três processos conexos na Eurojust. A Eurojust também facilitou a transmissão e a execução de ordens de investigação europeias.

O Projeto de Análise da Criminalidade Organizada Italiana da Europol apoiou a investigação como um caso prioritário, tendo fornecido pacotes de informações e relatórios de correspondência cruzada às unidades de investigação nacionais envolvidas.

"No total, foram trocadas mais de 200 mensagens SIENA entre os países envolvidos", refere a Europol.

Leia Também: Megaoperação contra máfia em vários países europeus, Portugal incluído

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