O líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, anunciou, esta sexta-feira, que o seu grupo paramilitar deixará a cidade de Bakhmut, na Ucrânia, no dia 10 de maio, avança a agência Reuters.
"Declaro, em nome dos combatentes do Grupo Wagner, em nome do comando do Grupo Wagner, que, a 10 de maio de 2023, seremos obrigados a transferir posições de Bakhmut para unidades do ministério da Defesa e retirar os nossos restos mortais para campos de logística e lamber as nossas feridas", disse Prigozhin, em comunicado.
E prosseguiu: "Estou a retirar as unidades do Grupo Wagner de Bakhmut porque, na ausência de munição, estão condenadas a morrer sem sentido", rematou.
As declarações surgiram depois da divulgação de um vídeo em que o responsável critica o regime de Moscovo pela falta de munições e a consequente morte dos seus soldados.
Nas imagens, onde Prigozhin se mostra rodeado de corpos, o oligarca alega que o número de baixas seria menor se a empresa privada tivesse recebido a "devida quantidade" de munições para os combates em território ucraniano invadido pela Rússia.
Segundo o responsável, as unidades de combate da empresa Wagner só dispõem de 30% das munições necessárias, responsabilizando diretamente o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, e o chefe do Estado Maior da Rússia, Valeri Guerasimov.
Os combatentes contratados pela empresa privada russa constituem a força de assalto da Rússia que se encontram desde o final do ano passado na cidade de Bakhmut (Artiómovsk, na designação em russo), no zona ocidental da Ucrânia.
De notar, contudo, que Prigozhin ameaçou, na semana passada, suspender a investida militar contra as forças ucranianas, alegando, depois, ter-se tratado de uma piada.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.709 civis desde o início da guerra e 14.666 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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