Os drones que foram abatidos no início desta semana junto ao Kremlin deverão, muito provavelmente, terem sido lançados da Rússia, de acordo com o que especialistas norte-americanos apontam, esta sexta-feira.
Segundo o que o presidente da organização Resilient Navigation and Timing Foundation, Dana Goward, disse à Reuters, Moscovo tem vindo a proteger-se de eventuais ataques de drones desde 2015 com recurso a medidas denominadas como 'spoofing', que se verifica quando um sinal de GPS falso é enviado para substituir um legítimo - enganando, desta forma, os sistemas de orientação em drones ou noutros dispositivos.
Com este reforço de medidas de defensivas, Goward diz que a situação que aconteceu esta semana pode significar que os tipos de drones utilizados - que este acredita serem de tamanho médio - "não estavam, provavelmente, a usar GPS, mas estavam sim a ser controlados manualmente - sugerindo um lançamento próximo".
Goward referiu ainda que o governo russo tem vários sistemas - visuais e de radar - que podem usar balas ou mesmo mísseis para destruir objetos como estes drones.
Também o CEO da empresa de drones BRINC falou com a Reuters, e explicou que é "surpreendente como este drone voou por Moscovo e conseguiu chegar ao Kremlin sem ser detetado e destruído".
"O tamanho relativamente pequeno e a baixa altitude podem ter ajudado. Se o drone não estava a comunicar por GPS e também com uma estação terrestre, isso também poderia dificultar técnicas de interferência ou 'spoofing'", apontou Blake Resnick.
Já o engenheiro Dan Gettinger, da Vertical Flight Society, defendeu que, "de todos os tipos de drones de ataque unidirecional, a aeronave usada neste caso parece ter sido uma aeronave de asa fixa e está entre os maiores drones de ataque unidirecional atualmente em uso ou desenvolvimento".
Ainda segundo os especialistas ouvidos pela Reuters, se estes drones tinham capacidades militares, nomeadamente, em relação a longas distâncias, são poucos os países que os têm.
Depois de um vídeo mostrar a destruição destes objetos por cima do Kremlin, Moscovo acusou Kyiv de um "ataque terrorista". Os responsáveis ucranianos vieram, no entanto, negar qualquer responsabilidade neste acontecimento.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.709 civis mortos e 14.666 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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