"Não nos deixaremos intimidar" pela China, declara Trudeau
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, declarou hoje que o Canadá não se deixará intimidar pela China, algumas horas após o anúncio da expulsão da cônsul canadiana em Xangai, em retaliação à de um diplomata chinês por Otava.
© Getty Images
Mundo Canadá
"Decidimos que era necessário enviar uma mensagem muito clara: não aceitaremos ingerências estrangeiras e, quaisquer que sejam as próximas escolhas que [as autoridades chinesas] façam, não nos deixaremos intimidar", reagiu o chefe do Governo canadiano, depois de Pequim instar Otava a pôr termo às suas "provocações injustificadas".
Na segunda-feira, o Canadá anunciou a expulsão do diplomata chinês Zhao Wei, residente em Toronto, acusado por Otava de ter tentado intimidar um deputado canadiano crítico do regime de Pequim, mergulhando os dois países numa nova crise diplomática aguda, cuja responsabilidade Pequim imputa a Otava.
Algumas horas mais tarde, a China retaliou anunciando a expulsão da cônsul canadiana em Xangai, invocando uma decisão "pouco escrupulosa" do Canadá e acrescentando reservar-se o direito de reagir ainda mais.
"Expulsar um diplomata, declarar um diplomata estrangeiro 'persona non grata', é uma medida importante e grave", prosseguiu Justin Trudeau.
"Temos consciência de que tal implica represálias, mas continuaremos a fazer tudo o que for necessário para proteger os nossos cidadãos de ingerências estrangeiras ou do medo", acrescentou, classificando esta decisão como demonstrativa "da firmeza do Canadá".
As relações entre Pequim e Otava estão particularmente tensas desde a detenção pelas autoridades canadianas, em 2018, de uma responsável do grupo de telecomunicações chinês Huawei e a detenção pela China, em retaliação, de dois cidadãos canadianos.
Embora os três tenham posteriormente sido libertados, as tensões persistiram, com Pequim a criticar Otava pelo seu alinhamento com a política de Washington em relação à China e as autoridades canadianas a acusarem regularmente Pequim de ingerência.
Há semanas que o Governo de Justin Trudeau se encontra sob crescentes pressões para tomar medidas contra a China, acusada de numerosas ingerências nos assuntos internos do Canadá, incluindo tentativas de influenciar os resultados das eleições canadianas de 2019 e 2021.
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