China ameaça retaliar eventuais sanções europeias a empresas chinesas

A China adotará medidas de retaliação se a União Europeia (UE) impuser restrições a empresas chinesas por alegadamente ajudarem a Rússia a contornar sanções ocidentais, advertiu hoje, em Berlim, o chefe da diplomacia de Pequim.

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Lusa
09/05/2023 15:55 ‧ 09/05/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"A China e as empresas russas têm uma relação normal, uma cooperação. Este tipo de cooperação normal não deve ser afetado" por eventuais sanções europeias, alertou Qin Gang durante uma conferência de imprensa com a homóloga alemã, Annalena Baerbock.

A Comissão Europeia apresentou, na sexta-feira, aos Estados-membros da UE um 11.º pacote de medidas restritivas contra a Rússia para evitar que as sanções sejam contornadas.

"O objetivo é evitar que as mercadorias proibidas de serem exportadas para a Rússia entrem no complexo militar russo", disse o porta-voz da Comissão Eric Mamer, na segunda-feira.

A proposta da Comissão visa, pela primeira vez, oito empresas chinesas e de Hong Kong acusadas de reexportar mercadorias sensíveis para a Rússia, de acordo com um documento citado pela agência francesa AFP.

"A China vai dar a resposta necessária para proteger firmemente os interesses legítimos das empresas chinesas", avisou Qin em Berlim.

Qin Gang alertou também para os elevados custos para a Europa de uma "nova guerra fria" e pediu a colaboração alemã para garantir a estabilidade económica mundial face ao confronto que disse estar a ser incentivado pelos Estados Unidos.

"Se a nova guerra fria se tornar uma realidade, não custará apenas à China, mas também à Europa", afirmou Qin, citado pela agência espanhola EFE.

Baerbock apelou à China para que adote uma posição clara sobre o conflito na Ucrânia, afirmando que a neutralidade equivale a estar do lado da Rússia.

"Neutralidade significa estar do lado do agressor", disse a ministra alemã.

"A China pode, se assim o decidir, desempenhar um papel importante (...) para acabar com a guerra", acrescentou.

A China apresenta-se como um interlocutor neutro no conflito, apesar das relações próximas com Moscovo.

No final de abril, o Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, tiveram uma conversa telefónica, a primeira desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

Qin disse em Berlim que a China vai "enviar em breve um representante especial para os assuntos europeus à Ucrânia".

"Ele também visitará outros países europeus", afirmou, assegurando que a China "continua a defender as negociações" entre Moscovo e Kiev.

A Alemanha é a primeira paragem da viagem do ministro chinês à Europa esta semana, que inclui a França e a Noruega.

O novo pacote de sanções contra a Rússia começará a ser discutido pelos embaixadores dos 27 Estados-membros em Bruxelas na quarta-feira.

A UE impôs sanções à Rússia em resposta à guerra de agressão desencadeada contra a Ucrânia há cerca de 15 meses, e à anexação ilegal das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson.

As sanções acrescem às medidas impostas à Rússia desde 2014, na sequência da anexação da península da Crimeia e da não aplicação dos acordos de Minsk sobre o conflito separatista no leste da Ucrânia, apoiado por Moscovo.

Leia Também: Ucrânia. EUA anunciam novo pacote de ajuda militar para defesa aérea

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