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FMI prevê crescimento de Cabo Verde em 4,4% e inflação de 5,2% em 2023

O Fundo Monetário Internacional (FMI) mantém a previsão de crescimento do PIB de Cabo Verde em 4,4% em 2023 e uma inflação de 5,2%, com descida dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares, foi hoje anunciado.

FMI prevê crescimento de Cabo Verde em 4,4% e inflação de 5,2% em 2023
Notícias ao Minuto

15:59 - 09/05/23 por Lusa

Mundo Cabo Verde

As previsões foram feitas à imprensa, na cidade da Praia, por Justin Tyson, chefe de uma missão do FMI que na última semana esteve em Cabo Verde a discutir com as autoridades nacionais a execução da agenda de reformas económicas do país, ao abrigo do Programa de Facilidade de Crédito Alargada (ECF, sigla inglesa), apoiado pelo Fundo e assinado em 15 de junho de 2022.

No comunicado final da missão, aquela instituição financeira internacional constatou que o desempenho de Cabo Verde no âmbito do programa "é robusto" e que no ano passado registou "uma forte retoma", sustentada na recuperação do turismo.

"A economia recuperou fortemente em 2022, tendo registado um crescimento de 17,7%, o défice primário desceu para 1,9% do PIB, a dívida em relação ao PIB diminuiu, a conta corrente melhorou e as reservas internacionais mantiveram-se em níveis adequados à proteção da indexação ao euro", constatou.

De acordo com a mesma fonte, no ano passado as autoridades cabo-verdianas utilizaram a política monetária e orçamental para apoiar a recuperação e atenuar os efeitos da crise sobre os mais vulneráveis.

Relativamente a este ano em curso, o FMI mantém as previsões de "moderação" do crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) em 4,4%, à medida que o crescimento das exportações se normaliza.

"Prevê-se que a inflação seja de 5,2% em 2023 com a descida dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares. O défice da conta corrente deverá subir em 2023, à medida que as exportações de bens e serviços, o turismo, as remessas e o investimento direto estrangeiro abrandarem em relação aos níveis registados em 2022", continuou.

O FMI notou ainda que o orçamento de 2023 está "no bom caminho" e que o Banco de Cabo Verde (BCV) começou a adotar "medidas monetárias mais restritivas" para reduzir o diferencial da taxa de juro com a do Banco Central Europeu (BCE) e proteger a indexação ao euro.

O chefe da missão alertou que o arquipélago mantém-se vulnerável a perturbações económicas e climáticas e avisou que os ganhos alcançados devem ser preservados para além do horizonte do médio prazo a fim de salvaguardar a estabilidade económica, reforçar a resiliência e promover o crescimento inclusivo.

Quanto à dívida pública em relação ao PIB, o FMI constatou que diminuiu em 2022 para 121,2%, mas alertou que continua elevada e a representar uma "fonte de vulnerabilidade".

O FMI referiu ainda que Cabo Verde é "altamente vulnerável" aos efeitos das alterações climáticas, mas constatou medidas do Governo de adaptação e atenuação.

"As autoridades tentam equilibrar a consolidação orçamental para reduzir os níveis de dívida com as despesas de capital para acelerar os investimentos em ações climáticas, contando com o apoio de parceiros - incluindo do Fundo Monetário Internacional - para aceder ao financiamento necessário", proferiu ainda Justin Tyson.

"Não obstante o contexto mundial conturbado, Cabo Verde continua a fazer bons progressos no seu objetivo de proteger os grupos vulneráveis e promover um crescimento mais elevado e inclusivo", terminou o mesmo responsável, no fim da missão que serviu ainda para a revisão dos projetos que fazem parte do portefólio com Cabo Verde.

Na segunda-feira, o governador do Banco de Cabo Verde (BCV), Óscar Santos, anunciou que prevê uma redução da inflação de 8% em 2022 para 4,9% e 2,2% em 2023 e 2024, respetivamente, bem como um crescimento económico, este ano, de 4,1%.

Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 e 17,7% em 2022, impulsionado pela retoma da procura turística.

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