Agressão sexual. Trump considera veredicto "uma vergonha"

Donald Trump denunciou hoje um "veredicto vergonhoso" depois do ex-presidente dos EUA ter sido considerado responsável por agressão sexual sobre a colunista E. Jean Carroll, por um tribunal civil federal em Nova Iorque.

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Lusa
09/05/2023 21:11 ‧ 09/05/2023 por Lusa

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O veredicto foi anunciado num tribunal federal na cidade de Nova Iorque, no primeiro dia de deliberações do júri.

Os nove jurados determinaram por unanimidade que Trump não foi responsável pela acusação de "violação" por parte da ex-colunista de imprensa E. Jean Carroll, mas consideraram-no responsável por agredi-la sexualmente e por difamação, noticiou a agência Associated Press (AP).

A decisão foi anunciada pelas 15:00 (20:00 em Lisboa) depois dos jurados terem chegado a uma deliberação em menos de três horas.

O tribunal de Manhattan também decidiu que Trump deve pagar cerca de 5 milhões de dólares em danos por aquela agressão sexual e por difamação após a revelação dos factos por Carroll em 2019.

Carroll assentiu enquanto o veredicto era lido e, depois disso, os seus advogados abraçaram-na e a colunista abraçou apoiantes na galeria, sorrindo enquanto estava em lágrimas.

O advogado de Trump, Joseph Tacopina, apertou a mão a Carroll e abraçou a advogada desta, Roberta Kaplan.

À medida que o tribunal se esvaziava, Carroll podia ser ouvida a rir e a chorar, de acordo ainda com a AP.

À saída do tribunal, a colunista não prestou declarações, enquanto a equipa de defesa de Trump já anunciou que pretende recorrer.

Carroll, uma das mais de uma dúzia de mulheres que acusaram Trump de agressão ou assédio sexual, veio a público em 2019 alegando que o magnata republicano a violou em 1996 num vestiário de uma loja em Manhattan.

Trump, de 76 anos, optou por não comparecer no julgamento civil, mas disse que nunca encontrou Carroll, de 79 anos, na loja e não a conhecia.

O ex-presidente norte-americano acusou-a ainda de ser uma "maluca" que inventou "uma história fraudulenta e falsa" para vender um livro de memórias.

Durante o julgamento assistiu-se a alegações de comportamento inadequado de Trump com mulheres e à reprodução do vídeo "Access Hollywood", no qual Trump se gabava de agarrar os órgãos genitais das mulheres sem pedir autorização.

Natasha Stoynoff, uma antiga redatora da revista People, testemunhou, entre lágrimas, que Trump a beijou à força, contra a sua vontade, enquanto lhe mostrava a sua propriedade de Mar-a-Lago, logo após o Natal de 2005, para um artigo sobre o seu primeiro aniversário de casamento com a terceira mulher, Melania.

Antes do julgamento, os advogados de Trump não conseguiram impedir que os jurados vissem o vídeo do "Access Hollywood" e ouvissem Stoynoff, que disse ter contado a poucas pessoas sobre o alegado incidente na altura, mas que decidiu vir a público depois de ver o vídeo e as subsequentes negações de Trump num debate de 2016.

Trump negou que alguma vez tenha tentado beijar Stoynoff.

O testemunho de Stoynoff ocorreu um dia depois de outra mulher, a antiga corretora da bolsa Jessica Leeds, ter testemunhado que Trump lhe apalpou os seios e tentou enfiar a mão na sua saia quando estavam sentados lado a lado num voo de uma companhia aérea no final dos anos 70.

Carroll manteve as alegações contra Trump em segredo durante 17 anos, contando apenas a dois amigos próximos, antes de as tornar públicas num livro de memórias de 2019.

Os advogados de Trump atacaram a credibilidade de Carroll através de um exaustivo contra-interrogatório, questionando porque é que não gritou por ajuda durante o alegado ataque e porque é que nunca foi à polícia.

Um psicólogo que testemunhou a favor de Carroll disse que é comum as vítimas de violação ficarem em silêncio e culparem-se a si próprias.

[Notícia atualizada às 21h44]

Leia Também: Trump considerado responsável por agressão sexual a colunista

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