Procurador do TPI emite novos mandados de detenção por crimes na Líbia

O procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, anunciou hoje no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que emitiu quatro novos mandados de detenção por crimes cometidos na Líbia desde 2011.

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Lusa
11/05/2023 17:23 ‧ 11/05/2023 por Lusa

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Líbia

"Posso anunciar hoje que quatro mandados foram emitidos pelos juízes independentes do Tribunal Penal Internacional", disse o britânico Karim Khan, que apresentou hoje ao Conselho de Segurança o seu 'briefing' semestral sobre as atividades do TPI relacionadas à Líbia.

Sem entrar em detalhes, o procurador-geral indicou que, além desses quatro novos mandados na Líbia - que "são evidências demonstráveis de atividade renovada e maior foco" do TPI -, também solicitou a emissão de dois mandados adicionais nas últimas semanas.

"Este é um passo importante nos direitos das vítimas e sobreviventes, de demonstração de que as suas vidas são importantes. As alegações que eles levantaram, e que acreditamos serem apoiadas por evidências, precisam de ser avaliadas por juízes independentes e imparciais", defendeu Khan.

"Temos de fazer isso se não quisermos desmentir a promessa de Nuremberga, a promessa em que todos os membros permanentes do Conselho se uniram a uma só voz, de que nunca mais haverá um tempo em que os direitos humanos sejam tão flagrantemente espezinhados em diferentes partes do mundo. É claro que temos muito a melhorar como Conselho e como comunidade internacional. Os mandados são, obviamente, um primeiro passo", acrescentou.

A situação na Líbia foi encaminhada ao TPI pelo Conselho de Segurança da ONU em 2011, com o tribunal a indicar que o foco da investigação são alegados crimes contra a Humanidade e crimes de guerra cometidos no país desde 15 de fevereiro de 2011.

O 'briefing' de Karim Khan nesta reunião foi contestado pela Rússia, que considerou a presença do procurador-geral "um insulto à organização" e classificou o TPI - órgão que emitiu em 17 de março um mandado de detenção contra o Presidente russo, Vladimir Putin - de "fantoche muito obediente dos países ocidentais".

Por outro lado, países como o Reino Unido ou os Estados Unidos manifestaram total apoio às investigações em andamento e avaliaram que os mandados emitidos são passos importantes para fazer justiça ao povo líbio.

"A justiça transicional é vital para a segurança e estabilidade a longo prazo e deve ser incorporada no processo político. O TPI é uma ferramenta vital para ajudar a levar justiça para a Líbia através de uma investigação transparente e justa. Exorto todas as partes a trabalharem juntas para salvaguardar os direitos humanos e garantir que a justiça possa ser feita quando ocorrem crimes, inclusive em cooperação com o TPI e a entrega de indivíduos sujeitos a mandados de detenção", apelou o diplomata britânico James Kariuki.

A Líbia, que possui as reservas de petróleo mais importantes no continente africano, é um país imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011.

Leia Também: Mais 470 migrantes intercetados no mar e devolvidos à Libia

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