Kyiv trabalha para prolongar negociação de acordo de cereais

O Governo ucraniano está a tentar estender o acordo dos cereais do Mar Negro, enquanto as negociações com Rússia, Turquia e ONU prosseguem para permitir que os alimentos continuem a chegar a África, Médio Oriente ou Ásia.

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© REUTERS/Murad Sezer

Lusa
11/05/2023 23:15 ‧ 11/05/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia

As negociações que decorrem em Istambul ainda não resultaram em decisões para a prorrogação do acordo que termina na quarta-feira.

O vice-primeiro-ministro ucraniano, Oleksandr Kubrakov, referiu que são esperadas discussões adicionais em formato 'online', depois de ter defendido que o acordo deve "ser prolongado por um período mais longo e dilatado".

"Isso dará previsibilidade e confiança aos mercados globais e ucraniano", explicou Kubrakov, depois das prorrogações anteriores do acordo terem durado 120 dias e 60 dias, noticiou a agência Associated Press (AP).

Por outro lado, a Rússia opõem-se quer à ampliação do acordo, quer à sua "extensão indefinida", segundo destacou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Vershinin, após as negociações.

Numa reunião em Istambul em formato quadripartido - Ucrânia, Rússia, Turquia e Nações Unidas -, foram discutidas as recentes propostas das Nações Unidas nesse âmbito, nomeadamente a reativação do gasoduto de amónia Togliatti-Odessa, a extensão mais longa do acordo, melhorias no Centro de Coordenação Conjunta para operações e exportações estáveis, além de outras questões levantadas pelas partes - que não foram reveladas.

Moscovo está a considerar as propostas feitas pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e "o trabalho, os contactos continuam", assegurou Vershinin.

Se não houver consenso até 18 de maio, o acordo "deixará de existir", sublinhou ainda o diplomata russo.

A Ucrânia e a Rússia são grandes fornecedores globais de trigo, cevada, óleo de girassol e outros produtos alimentares acessíveis dos quais dependem os países em desenvolvimento.

Em julho de 2022, Moscovo e Kyiv assinaram um acordo com as Nações Unidas e a Turquia que delineava um processo para que os envios a partir de três dos portos ucranianos do Mar Negro fossem retomados, apesar de continuar a invasão russa do país vizinho.

Desde então, este acordo foi renovado duas vezes, mais recentemente em março.

Segundo a ONU, o acordo que estabelece um corredor marítimo seguro dos portos ucranianos para a Turquia permitiu que mais de 30 milhões de toneladas métricas de cereais e alimentos deixassem a Ucrânia.

A Rússia reclamou repetidamente que um acordo separado com a ONU para superar os obstáculos à exportação dos seus fertilizantes, que fazia parte do acordo de julho, não produziu resultados.

O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, referiu hoje aos jornalistas, desde a sede do organismo em Nova Iorque, que os contactos continuam durante o que apelidou como "uma fase delicada".

Os responsáveis da ONU estão "a tentar tudo o que é possível para garantir que esta iniciativa tão importante continue e que, também, se veja progresso nos nossos esforços de facilitação de cereais e fertilizantes russos", garantiu.

O Kremlin exige a ligação do banco agrícola Rosseljozbank ao sistema de comunicações financeiras SWIFT, a retoma do fornecimento de máquinas agrícolas, bem como peças de substituição, e a remoção de restrições ao livre acesso aos portos.

Moscovo pede ainda a reativação da operação do gasoduto Togliatti-Odessa, paralisado desde o início da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, e o desbloqueio de contas estrangeiras e ativos de empresas russas ligadas à produção e transporte de alimentos e fertilizantes.

A Ucrânia, por sua vez, acusa a Rússia de colocar obstáculos à passagem de navios com cereais ucranianos.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: AO MINUTO: Incêndio em armazém russo; Zelensky encontra-se com Papa?

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