Guiné. Regime gerou onda de violência que "não será capaz de parar"

O líder do PAIGC acusou as autoridades no poder na Guiné-Bissau de estarem a mergulhar o país numa onda de violência que elas próprias "não serão capazes de parar", incluindo agressões a ativistas e políticos da oposição.

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Lusa
12/05/2023 08:22 ‧ 12/05/2023 por Lusa

Mundo

Guiné-Bissau/Eleições

Em entrevista à agência Lusa em Lisboa, Domingos Simões Pereira considerou que este tipo de ataques, denunciados por organizações da sociedade civil, "já não têm qualificação" porque ultrapassaram "todas as barreiras".

O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) considerou que como cidadão e como político tem "a obrigação" de alertar que esta estratégia "não funciona".

"Tudo o que eles têm, como esse sentimento que estão a dominar, é pura ilusão. Estão a convocar o país para uma violência que eles próprios não serão capazes de depois parar e todos seremos vítimas dessa violência", defendeu o candidato às eleições legislativas de 04 de junho.

As organizações da sociedade civil guineense têm denunciado várias agressões a ativistas e membros da oposição, sendo a mais recente o ataque a tiro à residência do jurista e dirigente do Partido da Renovação Social (PRS) Fransual Dias, também membro do Conselho de Estado.

O jurista disse aos jornalistas que foi atacado depois de ter afirmado que o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, estaria a preparar um golpe palaciano para adiar as eleições legislativas.

Questionado sobre se esta instabilidade potencia problemas como o tráfico de droga, Domingos Simões Pereira referiu que não quer especular porque se trata de um assunto sobre qual se deixou de falar no país.

"Eu não sei se é uma estratégia para acreditarmos que deixou de existir, mas de vez em quando vão aparecendo sinais", disse, referindo, por exemplo, que "aumentou o número de voos não comerciais que entram e saem do país sem qualquer tipo de controlo".

"Espero que as agências internacionais ligadas a esse combate estejam a tomar as notas necessárias para continuarem a apoiar o esforço de diminuição dessas práticas, porque isso acaba com as instituições, acaba com a administração e faz minar todo o esforço de construção do Estado", acrescentou.

Num relatório divulgado em 16 de março deste ano, o Escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime (UNODC) referiu que a Guiné-Bissau continua com "potencial contínuo" para ser usada para o tráfico de cocaína.

A Polícia Judiciária da Guiné-Bissau apreendeu, em setembro de 2019, 1.869 quilogramas de cocaína, a maior apreensão feita no país, e deteve 12 pessoas, entre nacionais e estrangeiros, e numa outra operação, em março de 2019, foram apreendidos 800 quilogramas de cocaína e também detidas várias pessoas.

Um painel de peritos do Conselho de Segurança da ONU ligou a droga apreendida em março a um cidadão maliano sancionado por utilizar o tráfico de droga para financiar o terrorismo, nomeadamente a Al-Mourabitoun, filiada da Al-Qaida.

Sobre se na Guiné-Bissau há hoje um risco acrescido de extremismo religioso, o líder do PAIGC considerou que a situação no Burkina Faso, no Níger, nos Camarões e mesmo no sul da Nigéria devia servir de alerta para que a Guiné-Bissau tome medidas e não seja "apetecível à instalação desses grupos".

No último relatório do Departamento de Estado sobre liberdade religiosa no mundo, lançado em junho de 2022, os Estados Unidos alertaram para as preocupações manifestadas por líderes religiosos guineenses sobre o "alastrar do extremismo religioso" no país.

Leia Também: PAIGC quer reativar projeto 'Terra Ranka' para atrair investimento

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