Ucrânia? Embaixador dos EUA na África do Sul diz que foi mal interpretado

O embaixador dos EUA na África do Sul revelou esta sexta-feira que falou com as autoridades sul-africanas para "corrigir qualquer má interpretação", após ter acusado o país africano de fornecer armamento à Rússia para a guerra na Ucrânia.

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© REUTERS/Stringer

Lusa
13/05/2023 06:55 ‧ 13/05/2023 por Lusa

Mundo

Reuben Brigety

"Tive a oportunidade de falar com a chanceler [Naledi] Pandor esta noite [sexta-feira] e corrigir qualquer má interpretação deixada pelos meus comentários públicos", sublinhou o diplomata na rede social Twitter.

Reuben Brigety acrescentou que durante o diálogo reafirmou "a forte aliança" entre os Estados Unidos e a África do Sul, bem como "a importante agenda" de assuntos que ambos os presidentes têm.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-africano, que tinha convocado o embaixador norte-americano, também divulgou em comunicado que este "admitiu ter ultrapassado os limites e pediu desculpas sem reservas ao governo e povo da África do Sul".

No entanto, a diplomacia sul-africana não especificou se o diplomata norte-americano reconsiderou suas acusações.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também contactou esta sexta-feira Pandor para "enfatizar a importância do relacionamento estratégico entre os Estados Unidos e a África do Sul", bem como a cooperação em questões comerciais, de saúde e energia, divulgou o Departamento de Estado.

Por outro lado, o Kremlin divulgou esta sexta-feira, sem se referir diretamente ao caso, que o Presidente russo Vladimir Putin e o homólogo sul-africano Cyril Ramaphosa expressaram durante uma conversa telefónica o seu desejo de "aumentar" a cooperação entre seus dois países "em vários campos".

O embaixador norte-americano na África do Sul disse numa conferência de imprensa na quinta-feira que este país africano tinha carregado armas e munições num navio russo sancionado na Base Naval de Simon's Town, perto da Cidade do Cabo, em dezembro do ano passado. As armas foram então transportadas para a Rússia, disse Brigety.

Na sequência dos comentários de Brigety, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, confirmou que estava em curso uma investigação sobre a visita do cargueiro russo "Lady R" em dezembro.

Essa investigação tinha começado antes de Brigety ter vindo a público com a sua acusação e utilizaria quaisquer provas que os funcionários dos serviços secretos dos Estados Unidos tivessem sobre as alegadas armas, disse Ramaphosa.

Mas o seu gabinete disse, num comunicado, que "não há provas" de que as armas tenham sido carregadas no navio na África do Sul.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros acrescentou esta sexta-feira, numa declaração, que não havia "qualquer registo de uma venda de armas aprovada pelo Estado à Rússia relacionada com o período/incidente em questão".

A agência Associated Press (AP) apurou que o "Lady R" visitou de facto a base naval sul-africana, de 06 a 08 de dezembro, como afirmou Brigety.

Uma análise dos registos feita pela AP também mostrou que o "Lady R" está ligado a uma empresa que foi sancionada pelos Estados Unidos por transportar armas para o governo russo e ajudar no seu esforço de guerra.

???????A posição da África do Sul sobre a guerra na Ucrânia tem incomodado os Estados Unidos e outras nações ocidentais desde que o país mais desenvolvido de África se absteve no ano passado numa votação das Nações Unidas que condenou a invasão da Rússia.

A África do Sul declarou que adotaria uma posição neutra em relação à guerra e que preferia apelar a uma solução diplomática e ao fim dos combates.

Os críticos afirmam que a África do Sul se aliou à Rússia depois de ter recebido o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, para conversações em janeiro e de ter permitido que navios de guerra russos e chineses utilizassem as suas águas para exercícios navais conjuntos ao largo da sua costa oriental, em fevereiro.

Os exercícios coincidiram com o aniversário de um ano da invasão russa da Ucrânia.

O Governo sul-africano também indicou que não estaria disposto a prender o Presidente russo, Vladimir Putin, se este se deslocar, como previsto, para uma reunião dos líderes do bloco económico BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em agosto, apesar de o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter emitido um mandado de captura contra ele.

A África do Sul é signatária do TPI e é obrigada a prender Putin se este entrar no seu território.

Os sul-africanos têm uma relação histórica com a Rússia devido ao apoio da antiga União Soviética ao Congresso Nacional Africano (ANC), no poder, quando este era um movimento de libertação que lutava para pôr fim ao regime de segregação do 'apartheid' que oprimia a maioria negra do país.

Leia Também: África do Sul chama embaixador dos EUA por armas à Rússia

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