O antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, defendeu, esta terça-feira, que a NATO "não leva a sério" a ameaça de um "apocalipse nuclear", uma vez que continuam a ser entregues armas destrutivas à Ucrânia.
"A NATO não leva a sério este cenário. Caso contrário, a NATO não teria fornecido armas tão perigosas ao regime ucraniano. Aparentemente, eles acham que um conflito nuclear, ou um apocalipse nuclear, nunca será possível", disse Medvedev numa entrevista à emissora RT, citada pela agência TASS.
Para Medvedev, a NATO está "errada" e ameaça: "Em algum momento os eventos podem tomar um rumo completamente imprevisível".
"A responsabilidade será colocada diretamente na Aliança do Atlântico Norte", afirmou.
O antigo chefe de Estado da Rússia considera ainda que, neste momento, "ninguém sabe" se já foi ultrapassado um ponto sem retorno.
"Ninguém sabe isso. Este é o principal perigo. Porque assim que eles fornecem algo, eles dizem: vamos fornecer isto também. Mísseis ou aviões de longo alcance. Tudo ficará bem. Mas nada ficará bem. Estaremos capazes de lidar com isso. Mas apenas tipos de armas cada vez mais sérios serão usados. Essa é a tendência atual", rematou.
Sublinhe-se que, também esta terça-feira, o secretário-geral da NATO recusou comentar a disponibilidade de vários países para enviarem caças F-16 para a Ucrânia, insistindo na necessidade de acelerar a produção de munições.
Face à decisão dos países que apoiam a Ucrânia de aceder ao pedido que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem feito há meses, o 'número dois' do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia disse, no sábado, que o Ocidente estava a incentivar uma escalada da guerra e que poderia ser implicado nessa decisão.
Os Estados-membros da NATO -- cuja maioria faz também parte da UE -- tinham até agora frustrado as ambições da Ucrânia de receber aeronaves de combate modernas por receio da sua utilização para atacar o território russo em retaliação pela invasão que começou há mais de um ano e que já provocou a maior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial.
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