Kiliçdaroglu pretendia, em particular, anunciar por este meio aos jornalistas que estaria em direto esta sexta-feira à noite no canal de televisão privado Fox.
"Eles bloquearam as mensagens de texto porque estão com medo", salientou na abertura do programa transmitido pela Fox.
Segundo o social-democrata, o bloqueio "foi operado pela Autoridade de Controlo de Tecnologia da Informação e Comunicação por ordem de Erdogan".
"Estão a tentar por todos os meios permanecer no poder", acusou, pedindo a "todos que votem pelos seus direitos" no domingo.
Pouco antes do início da entrevista, o candidato tinha publicado um vídeo na rede social Twitter no qual denunciava "as constantes calúnias, conspirações, mentiras" que têm marcado a campanha.
"Agora não posso enviar uma mensagem aos jornalistas para anunciar o nosso programa [de campanha]. As empresas de telecomunicações impedem-me de enviar mensagens, estou na escuridão total. Estou a falar para si, Erdogan, você quer que eu desista de concorrer às eleições?", questionou.
O Presidente islamista conservador, que se candidata pela terceira vez ao cargo desde 2014, foi agora forçado a uma segunda volta contra Kemal Kiliçdaroglu, desde 2010 o líder do Partido Republicano do Povo (CHP, centro-esquerda e laico), mas que nas duas últimas semanas protagonizou uma viragem à direita para tentar captar o voto ultranacionalista, desagradando as forças mais à esquerda que o apoiam.
Erdogan - que desde 2017 assumiu após referendo um estrito regime presidencialista com crescentes características autoritárias - consolidou-se como favorito na primeira volta ao obter 49,5% dos votos expressos (muito perto dos 50% mais um que evitaria esta segunda eleição), face aos 44,9% do líder opositor, que contestou os resultados oficiais.
A estratégia dos dois rivais centrou-se na tentativa de assegurar os 5,2% de votos que na primeira volta contemplaram o ultra-direitista Sinan Ogan, terceiro candidato presidencial e com um acentuado discurso anti-imigração.
No início desta semana, Ogan declarou publicamente o seu apoio a Erdogan, mas dois partidos nacionalistas que o apoiaram na campanha e integrados na Aliança Ancestral (ATA) optaram por apoiar Kiliçdaroglu e o seu discurso dirigido contra os 3,5 milhões de refugiados da guerra na Síria que começaram a ser acolhidos desde 2011.
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou sexta-feira o desequilíbrio dos meios atribuídos à oposição para ser ouvida, enquanto o chefe de Estado monopoliza os ecrãs televisivos.
"A verdade é que o sistema de 'media' implantado constitui uma manipulação maciça das eleições ao privar os cidadãos turcos da deliberação democrática", realçou o representante da RSF na Turquia, Erol Onderoglu.
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