"Como Presidente da República Federal da Nigéria, desempenharei as minhas funções da melhor forma possível e em conformidade com a Constituição", declarou Bola Ahmed Tinubu durante a cerimónia de tomada de posse na Praça da Águia, em Abuja, a capital nigeriana.
Tinubu, de 71 anos, do partido no poder, Congresso de Todos os Progressistas (APC, na sigla em inglês), sucede no cargo a Muhammadu Buhari, de 80 anos, que não pôde concorrer às últimas eleições por ter esgotado os dois mandatos permitidos pela Constituição.
"A transição pacífica de um governo para outro faz agora parte da nossa tradição política. Esta transição simboliza a nossa confiança em Deus e a nossa fé duradoura num governo representativo e na nossa capacidade de remodelar esta nação", afirmou o novo líder nigeriano no seu discurso de tomada de posse.
"Durante muitos anos, os críticos da Nigéria fizeram correr o boato de que a nossa nação se iria dividir e até morrer. No entanto, aqui estamos nós. Tropeçámos muitas vezes, mas a nossa resiliência e diversidade mantiveram-nos em movimento", acrescentou.
A cerimónia contou com a presença, entre outros, dos chefes de Estado da Guine Bissau, África do Sul, Argélia, Ruanda, Tanzânia, República do Congo, Serra Leoa, Gana, Botsuana, Níger, Gâmbia, Burundi e Chade, bem como de delegações dos governos da China e dos Estados Unidos.
De acordo com as autoridades eleitorais do país, Tinubu venceu as eleições presidenciais com 36% dos votos.
No entanto, estes resultados foram contestados em tribunal pelos principais rivais de Tinubu na corrida presidencial, o veterano líder da oposição Atiku Abubakar, do Partido Democrático Popular (PDP), que obteve 29% dos votos, e Peter Obi, líder do Partido Trabalhista (LP, na sigla em inglês), que ficou em terceiro lugar com 25%.
Os dois líderes da oposição denunciaram fraudes e pediram a anulação dos resultados depois de a transmissão eletrónica das mesas de voto não ter podido ser concluída na totalidade, o que a Comissão Eleitoral atribuiu a "falhas técnicas".
Foi a primeira vez que a Nigéria - o país mais populoso de África (com mais de 213 milhões de habitantes), bem como um dos principais produtores de petróleo e a maior economia do continente - utilizou a tecnologia, adotada para evitar irregularidades, numa eleição geral.
Durante o seu discurso, Tinubu afirmou que, embora as recentes eleições "renhidas" tenham sido "da melhor qualidade" desde a restauração da democracia na Nigéria em 1999, respeita a decisão dos seus "opositores" de levar os resultados a tribunal.
"É um direito que lhes assiste e eu defendo plenamente o exercício desse direito", acrescentou.
Tinubu, que governou o influente estado de Lagos, no sul do país, de 1999 a 2007, herda uma nação atormentada pela crescente insegurança em algumas partes do país, com ataques constantes de bandos criminosos que raptam civis em troca de resgates lucrativos, grupos fundamentalistas islâmicos e rebeldes pró-independência.
Terá também de enfrentar problemas económicos como a desvalorização da naira, a inflação galopante e o elevado desemprego.
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