Um comunicado divulgado pelo Comando do Teatro de Operações Sul do exército chinês disse que "organizou as forças aéreas para rastrear e acompanhar todo o processo e que lidou com o caso de acordo com as leis e regulamentos e de forma profissional".
Nos vídeos difundidos pelo Comando para o Indo-Pacífico dos Estados Unidos, o avião chinês, um J-16, é visto a voar nas proximidades do avião norte-americano, um RC-135, modelo normalmente utilizado para vigilância.
O evento ocorreu no dia 26 de maio, quando o piloto chinês se posicionou bem à frente do RC-135, que foi forçado a voar através da turbulência provocada pelo caça chinês.
O Pentágono disse que o piloto chinês "executou uma manobra agressiva desnecessariamente".
Segundo os EUA, o seu avião "estava a realizar operações seguras e de rotina no espaço aéreo internacional sobre o Mar do Sul da China, de acordo com o direito internacional".
Na mesma nota, o Comando para o Indo-Pacífico dos Estados Unidos assegurou que os EUA "vão continuar a voar, navegar e operar com segurança e responsabilidade onde quer que os regulamentos internacionais o permitam", incluindo na região do Indo-Pacífico.
O porta-voz do Comando do Teatro de Operações Sul do exército chinês, o coronel Zhang Nandong, acusou no comunicado os EUA de "misturarem preto e branco e fazerem falsas acusações, na tentativa de confundir o público".
"Pedimos solenemente aos EUA que restrinjam conscientemente as ações das forças navais e aéreas da linha da frente, cumpram com rigor as leis internacionais relevantes e os acordos relevantes e evitem acidentes no mar e no ar", disse Zhang.
"Caso contrário, os EUA arcarão com todas as consequências", advertiu.
Zhang não disse a que leis internacionais se referia.
A China reivindica quase todo o Mar do Sul da China, apesar dos protestos dos países vizinhos. Os EUA também não reconhecem as reivindicações de Pequim sobre um território marítimo estratégico, através do qual passam cerca de cinco biliões de dólares (cerca de 4,68 biliões de euros) em comércio internacional todos os anos.
Pequim e Washington assinaram acordos para lidar com "eventos inesperados" entre as suas forças aéreas e navais, mas a comunicação entre os dois exércitos foi suspensa pela China, devido ao apoio militar e à venda de armas a Taiwan pelos Estados Unidos ou o abate de um alegado balão de espionagem chinês no espaço aéreo norte-americano.
O ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, está também proibido de viajar para os EUA, como parte de um pacote de sanções imposto pelas autoridades norte-americanas, por ter supervisionado a transferência de armamento oriundo da Rússia.
Pequim rejeitou esta semana um encontro entre os responsáveis pela Defesa da China e dos Estados Unidos, à margem de um fórum de segurança em Singapura.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na quarta-feira que o incidente do avião mostrou a importância de os EUA e a China manterem o diálogo entre as altas patentes do exército. Blinken afirmou que é "lamentável" que Pequim tenha rejeitado o pedido para uma reunião com o ministro da Defesa chinês.
"Acho que isto apenas ressalta por que é tão importante que tenhamos linhas de comunicação regulares e abertas entre os nossos ministros da Defesa", disse.
A China interceta frequentemente aviões militares dos EUA e dos aliados nos mares do Sul e Leste da China e no Estreito de Taiwan.
Ações semelhantes resultaram num acidente aéreo, em 2001, sobre o Mar do Sul da China, entre um caça chinês e um avião de vigilância da Marinha dos EUA. O avião chinês ficou destruído e o piloto morreu.
O avião danificado dos EUA pousou numa base da força aérea da marinha chinesa, levando à detenção da tripulação e a um impasse diplomático entre os dois países.
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