Os soldados da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) intervieram na segunda-feira na cidade de Zvecan para restaurar a ordem, durante protestos protagonizados por sérvio-kosovares para impedir autarcas da maioria albanesa do Kosovo, eleitos a 26 de abril devido ao boicote da comunidade e dos partidos sérvios às eleições locais, de tomarem posse nas câmaras de cidades do norte onde a comunidade sérvia é maioritária, embora seja uma minoria no país.
"Tendo um claro entendimento do que estava a acontecer, reuni-me com o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, e instei-o a considerar aceitar a proposta dos embaixadores da União Europeia (UE) e do Quint (grupo informal de tomada de decisões composto por Estados Unidos e os quatro grandes da Europa Ocidental: Alemanha, França, Itália e Reino Unido) para encontrar uma solução", declarou Ristuccia, citado pela agência de notícias italiana ANSA.
"Depois de ter sublinhado a natureza sensível da situação, deparei-me com a total ausência de vontade [para dar ouvidos aos protestos] e com a intenção de não ter em consideração as potencialmente graves consequências das perigosas iniciativas unilaterais levadas a cabo sem a coordenação da KFOR", vincou o comandante da missão de manutenção de paz da Aliança Atlântica no Kosovo.
Pelo quarto dia consecutivo, dezenas de manifestantes sérvios concentraram-se hoje diante das câmaras de três municípios do norte do Kosovo para exigir a saída dos presidentes de câmara albaneses, cuja autoridade não reconhecem, e da polícia kosovar.
Os protestos decorrem em Zvecan, Leposavic e Zubin Potok, em frente às instalações municipais, onde os soldados da KFOR colocaram barreiras metálicas e arame farpado.
A situação é de uma calma aparente, após os violentos confrontos de segunda-feira entre manifestantes a as forças de segurança em Zvecan, que fizeram cerca de 80 feridos, 30 soldados da KFOR e 50 manifestantes sérvio-kosovares.
Segundo os meios de comunicação social locais, a KFOR reforçou a presença em vários pontos de Zvecan a pedido dos sérvios, que receiam incidentes com a polícia kosovar.
Os líderes políticos da comunidade sérvia apelaram aos manifestantes para que protestem pacificamente e não entrem em conflito com a KFOR.
O primeiro-ministro kosovar rejeita a possibilidade de afastar os presidentes de câmara eleitos destes municípios, apesar dos apelos dos Estados Unidos para que esses autarcas trabalhem fora dos edifícios oficiais e para que a polícia especial seja retirada da área para reduzir as tensões.
Entretanto, no setor sul (albanês) da cidade de Mitrovica, a polícia kosovar pediu aos cidadãos que ignorassem o apelo nas redes sociais para uma marcha de protesto em direção ao norte da cidade, onde vivem os sérvios.
O Kosovo, uma antiga província sérvia povoada por uma grande maioria de albaneses, proclamou a independência em 2008, decisão que a Sérvia não reconhece.
Os dois países estão a negociar a normalização das relações sob os auspícios da UE e com o apoio dos Estados Unidos.
Leia Também: Aliados ultimam "posição coletiva" sobre futuro da Ucrânia na NATO