Governo do Kosovo não quer dar ouvidos a protestos, diz NATO

O comandante da missão de paz da NATO no Kosovo (KFOR), general Angelo Michele Ristuccia, criticou hoje a "ausência de vontade" do Governo de dar ouvidos aos protestos desta semana, em que 30 soldados da KFOR ficaram feridos.

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Lusa
01/06/2023 16:19 ‧ 01/06/2023 por Lusa

Mundo

Líder de missão da NATO

Os soldados da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) intervieram na segunda-feira na cidade de Zvecan para restaurar a ordem, durante protestos protagonizados por sérvio-kosovares para impedir autarcas da maioria albanesa do Kosovo, eleitos a 26 de abril devido ao boicote da comunidade e dos partidos sérvios às eleições locais, de tomarem posse nas câmaras de cidades do norte onde a comunidade sérvia é maioritária, embora seja uma minoria no país.

"Tendo um claro entendimento do que estava a acontecer, reuni-me com o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, e instei-o a considerar aceitar a proposta dos embaixadores da União Europeia (UE) e do Quint (grupo informal de tomada de decisões composto por Estados Unidos e os quatro grandes da Europa Ocidental: Alemanha, França, Itália e Reino Unido) para encontrar uma solução", declarou Ristuccia, citado pela agência de notícias italiana ANSA.

"Depois de ter sublinhado a natureza sensível da situação, deparei-me com a total ausência de vontade [para dar ouvidos aos protestos] e com a intenção de não ter em consideração as potencialmente graves consequências das perigosas iniciativas unilaterais levadas a cabo sem a coordenação da KFOR", vincou o comandante da missão de manutenção de paz da Aliança Atlântica no Kosovo.

Pelo quarto dia consecutivo, dezenas de manifestantes sérvios concentraram-se hoje diante das câmaras de três municípios do norte do Kosovo para exigir a saída dos presidentes de câmara albaneses, cuja autoridade não reconhecem, e da polícia kosovar.

Os protestos decorrem em Zvecan, Leposavic e Zubin Potok, em frente às instalações municipais, onde os soldados da KFOR colocaram barreiras metálicas e arame farpado.

A situação é de uma calma aparente, após os violentos confrontos de segunda-feira entre manifestantes a as forças de segurança em Zvecan, que fizeram cerca de 80 feridos, 30 soldados da KFOR e 50 manifestantes sérvio-kosovares.

Segundo os meios de comunicação social locais, a KFOR reforçou a presença em vários pontos de Zvecan a pedido dos sérvios, que receiam incidentes com a polícia kosovar.

Os líderes políticos da comunidade sérvia apelaram aos manifestantes para que protestem pacificamente e não entrem em conflito com a KFOR.

O primeiro-ministro kosovar rejeita a possibilidade de afastar os presidentes de câmara eleitos destes municípios, apesar dos apelos dos Estados Unidos para que esses autarcas trabalhem fora dos edifícios oficiais e para que a polícia especial seja retirada da área para reduzir as tensões.

Entretanto, no setor sul (albanês) da cidade de Mitrovica, a polícia kosovar pediu aos cidadãos que ignorassem o apelo nas redes sociais para uma marcha de protesto em direção ao norte da cidade, onde vivem os sérvios.

O Kosovo, uma antiga província sérvia povoada por uma grande maioria de albaneses, proclamou a independência em 2008, decisão que a Sérvia não reconhece.

Os dois países estão a negociar a normalização das relações sob os auspícios da UE e com o apoio dos Estados Unidos.

Leia Também: Aliados ultimam "posição coletiva" sobre futuro da Ucrânia na NATO

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