A reunião, realizada na quarta-feira e que foi a primeira do género, serviu para "discutir em profundidade o combate ao terrorismo na região" e como "executar operações conjuntas antiterrorismo transfronteiriças", de acordo com um comunicado difundido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
Segundo especialistas citados pelo jornal oficial Global Times, o mecanismo de consulta "vai aprofundar a cooperação na luta contra o terrorismo, a longo prazo, entre os três países", e visa "estabelecer uma base para a cooperação futura em outras áreas de segurança".
Citado pelo jornal, o académico Zhu Yongbiao disse que o encontro "vai ampliar os mecanismos de segurança da China na região".
"Terroristas no Paquistão e no Afeganistão cruzaram as fronteiras para se esconder no Irão, o que também representa uma ameaça para aquele país", argumentou Zhu, acrescentando que "dada a complexidade desta questão, é natural que os três países reforcem a cooperação".
Em maio, a China já manteve conversações trilaterais com o Paquistão e o Afeganistão em Islamabade, nas quais foi discutida a cooperação no combate ao terrorismo.
De acordo com Zhu, a reunião desta semana abordou a "situação de segurança dentro e ao redor do Afeganistão, que é de grande preocupação regional e internacional" e "a situação na fronteira entre o Paquistão e o Irão, na região do Baluchistão".
"China, Paquistão e Irão provavelmente vão chegar a um consenso sobre a identificação de organizações terroristas e sobre a cooperação para combater operações terroristas transfronteiriças", disse Zhou.
A China é um dos poucos países que mantém contacto direto com Cabul desde a retirada das tropas dos Estados Unidos, apesar do governo talibã não ser reconhecido pela comunidade internacional.
A China já demonstrou interesse em incluir o Afeganistão no projeto de infraestruturas designado como Corredor Económico China - Paquistão (CPEC), uma rota comercial para ligar a cidade chinesa de Kasghar ao porto paquistanês de Gwadar (sudoeste), no Baluchistão, proporcionando a Pequim uma porta de entrada para o Mar Arábico.
Nos últimos meses, Rússia, China, Irão e Paquistão instaram o governo talibã a adotar "medidas visíveis e verificáveis" para combater o terrorismo, impedir que combatentes islâmicos usem o território afegão e garantir a segurança de organizações e cidadãos estrangeiros.
Pequim está preocupada com o facto de o Afeganistão abrigar separatistas que se opõem ao domínio chinês na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país.
Isto inclui um grupo militante que afirma representar a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur, chamado Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM, na sigla em inglês).
Acredita-se que várias centenas, possivelmente milhares, de muçulmanos chineses vivam nos territórios do norte do Paquistão, em grande parte sem governo, mas especialistas em terrorismo questionam se o ETIM existe mesmo de forma organizada.
O presidente chinês, Xi Jinping, recebeu também o líder iraniano, Ebrahim Raisi, em fevereiro passado, e garantiu que a China manterá inabalavelmente a sua "amizade e cooperação" com o Irão, independentemente da "situação internacional e regional".
Em março passado, Arábia Saudita e Irão anunciaram também o restabelecimento das relações diplomáticas, em Pequim, como parte de um acordo mediado pela China.
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