Somália anuncia saída de 2.000 soldados da missão da União Africana

Dois mil efetivos da Missão de Transição da União Africana deixarão a Somália, transferindo as suas responsabilidades para o exército somali, até ao final de junho de 2023, anunciou o Ministério da Defesa somali.

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Lusa
09/06/2023 14:53 ‧ 09/06/2023 por Lusa

Mundo

Em Junho

O anúncio, que confirma uma decisão já divulgada em abril passado, foi feito em comunicado na quinta-feira ao fim da noite em Mogadíscio.

"As Forças Armadas Nacionais da Somália (SNAF, na sigla em inglês) e as forças de segurança somalis estão prontas para o novo capítulo da segurança em todo o país", lê-se na nota.

No comunicado, o ministério adianta que "o Governo Federal da Somália tem, nos últimos meses, com o apoio dos seus parceiros bilaterais, constituído forças que assumirão as responsabilidades de segurança de 2.000 soldados da Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS, na sigla em inglês) (...) até ao final de junho de 2023".

Em março de 2022, a AMISOM, a missão da União Africana destacada na Somália desde 2007, foi substituída pela ATMIS, que conta com cerca de 20.000 efetivos militares, na sua maioria do Uganda, Burundi, Quénia, Djibuti e Etiópia, envolvidos no combate ao grupo radical islâmico Al-Shebab.

O plano de retirada militar faseada da missão, aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, prevê uma estratégia de saída do país até ao final de 2024.

O Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, anunciou uma "guerra total" contra o Al-Shebab em agosto de 2022 e, desde então, o exército somali, apoiado pela ATMIS, tem levado a cabo ofensivas intensas contra os terroristas, por vezes com a cooperação militar dos EUA.

Em resposta, o Al-Shebab levou a cabo ataques importantes, como o duplo atentado com dois carros armadilhados com explosivos contra o Ministério da Educação em Mogadíscio, matando pelo menos 120 pessoas em 29 de outubro do ano passado.

O Al-Shebab, ligado desde 2012 à Al-Qaida, efetua frequentemente ataques na capital, Mogadíscio, e noutras partes do país para derrubar o governo central - apoiado pela comunidade internacional - e estabelecer um Estado islâmico de estilo Wahhabi (ultra-conservador).

O grupo radical islâmico controla as zonas rurais do centro e do sul da Somália e também ataca países vizinhos como o Quénia e a Etiópia.

A Somália vive num estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um governo efetivo e nas mãos de milícias islamistas e senhores da guerra.

Leia Também: Somália. Conselho de Segurança da ONU pede acordo de cessar-fogo urgente

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