A central de Zaporijia, com seis reatores nucleares, é a maior do género na Europa e foi ocupada por forças russas nos primeiros dias da ofensiva militar lançada por Moscovo em 24 de fevereiro de 2022.
A AIEA tem uma equipa na central, que será substituída durante a visita de Grossi.
"O diretor-geral da AIEA e a sua equipa chegaram à central nuclear de Zaporijia", declarou o representante permanente da Rússia junto das organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov.
Grossi deveria ter visitado a central na quarta-feira, para avaliar os potenciais riscos de segurança devido à destruição da barragem de Kakhovka, no rio Dniepre, cuja água é utilizada para arrefecer os seis reatores, que estão desligados.
A visita foi adiada para hoje, por razões de segurança.
"Não foi fácil organizar uma visita nestas circunstâncias, mas a parte russa fez o seu melhor", afirmou Ulyanov, citado pela agência francesa AFP.
A agência russa TASS divulgou um vídeo em que se vê uma coluna de viaturas a chegar à central, duas delas com bandeiras da agência da ONU especializada em energia atómica, que tem sede em Viena.
Grossi, que já visitou várias vezes a central, deve determinar se está em perigo devido à destruição da barragem.
O chefe da AIEA disse, na terça-feira, em Kiev, que não existe um perigo imediato para a central, mas admitiu estar preocupado com o nível de água no tanque de arrefecimento.
"Existe um risco grave, porque a água é limitada. Quero fazer a minha própria avaliação", afirmou, após um encontro com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Kiev e Moscovo acusaram-se mutuamente da destruição da barragem de Kakhovka, em 06 de junho, que provocou graves inundações no sul da Ucrânia, agravando a situação do país invadido em 24 de fevereiro de 2022.
A central elétrica de Zaporijia tem sido repetidamente alvo de bombardeamentos atribuídos tanto a Moscovo como a Kiev, suscitando preocupações quanto à segurança.
A Rússia declarou que a central passou a pertencer-lhe por ter anexado a região de Zaporijia em setembro, juntamente com as de Donetsk, Lugansk e Kherson, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.
Os combates em torno da central têm levado a AIEA a alertar para o perigo de um acidente catastrófico num país que registou, em 1986, o pior desastre nuclear do género na central de Chernobyl.
Com um balanço de baixas civis e militares desconhecido, o conflito na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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