Dois dos oito empregados foram detidos no Havai e colocados sob custódia no âmbito de uma ação penal sem precedentes, anunciada na sexta-feira pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ).
"Este é um exemplo típico de detenção arbitrária e de sanções unilaterais", reagiu hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num comunicado.
"Esta medida é totalmente ilegal e viola gravemente os direitos fundamentais dos cidadãos e das empresas chinesas. A China condena-o veementemente", continuou o ministério.
De acordo com o DoJ, a Amarvel Biotech, uma das empresas chinesas visadas, é acusada de, sozinha, ter introduzido nos Estados Unidos mais de 200 quilos de precursores químicos "com o objetivo de fabricar mais de 50 quilos de fentanil, suficientes para matar 25 milhões de americanos".
As três outras empresas visadas pelas autoridades americanas são a Anhui Rencheng Technology, a Anhui Moker New Material Technology e a Hefei GSK Trade.
Estas acusações "comprometem profundamente o estabelecimento da cooperação antidroga entre a China e os Estados Unidos", afirmou o ministério chinês.
Os Estados Unidos intensificaram recentemente os seus esforços para travar a propagação das drogas sintéticas, responsáveis por centenas de milhares de mortes no seu território durante a última década.
Em particular, Washington está a visar empresas sediadas na China suspeitas de enviar componentes de fentanil para o México, a principal fonte de drogas sintéticas vendidas nos Estados Unidos.
Durante uma visita a Pequim esta semana, o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, discutiu a questão com os dirigentes chineses.
O fentanil, um opiáceo sintético 50 vezes mais forte que a heroína, é atualmente a principal causa de morte dos cidadãos norte-americanos com idades entre os 18 e os 49 anos.
A China proibiu as exportações de fentanil para os Estados Unidos em 2019, uma decisão saudada pelo Governo do então Presidente norte-americano, o Republicano Donald Trump.
Mas, segundo os especialistas, o país continuou a fornecer os precursores químicos do fentanil, sobretudo ao México e à América Central, onde cartéis produzem a droga antes de a exportarem para os Estados Unidos.
Pequim negou no passado qualquer responsabilidade na crise de sobredoses de fentanil, atribuindo a culpa à sociedade norte-americana e suas empresas farmacêuticas.
Nos Estados Unidos, as mortes relacionadas com sobredoses de opiáceos aumentaram nos últimos anos, passando de 69.000 em 2020 para 81.000 em 2021 e 110.000 em 2022.
Recentemente, Washington tinha já sancionado várias empresas chinesas acusadas de envolvimento no tráfico desta droga.
Também o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, negou que no seu país exista um problema com o fentanil e acusou os Estados Unidos de não fazerem o suficiente para impedir o consumo dentro do seu próprio território.
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